domingo, 25 de abril de 2010

CONTRARIAR MURPHY? NEM PENSAR


Você já ouviu falar da “Lei de Murphy”? Tem um indivíduo, esse tal de Murphy, que (assim como nós que temos mentes que não desligam) passou a observar os acontecimentos que o rodeavam. Em suas observações Murphy traçou um paralelo bem interessante e chegou a uma conclusão que se transformou em adágio popular da cultura ocidental: “Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira possível, no pior momento possível".

Naturalmente sou uma pessoa otimista, daquelas que vivem sempre dizendo que “no final tudo dá certo”. Esforço-me verdadeiramente para que isso de fato aconteça, mas andei avaliando alguns fatos e estou propensa a me juntar ao bom e velho Murphy e engrossar sua lista de “leis” catastróficas.

Que certas coisas só acontecem comigo é fato incontestável, então vamos aos outros fatos que não deixam sombra de dúvidas para contestação;

1. Final de semana, uma montanha de roupas para lavar (desta semana e da anterior): máquina de lavar “dá pau”;

2. Atrasada para o almoço e com a estranha impressão de que ‘esqueci de desligar o fogo da panela de feijão’: chego no estacionamento e o pneu do carro está furado (lembrando aqui que meu carro não tem estepe, e se tivesse não faria nenhuma diferença). Desisti de desesperar, levei o carro para o borracheiro e minha filha para almoçar no restaurante;


3. Preparando um delicioso pãozinho caseiro, mão na massa, massa na mão: telefone toca, ligação importante (celular de pão, ou pão com celular?);

4. Férias na praia, tudo que eu precisa, sol, mar, sombra, água de coco fresca: chuva, chuva e mais chuva;


5. Fim de semana armado, programas variados, muita agitação como há tempos na via: gripe ferrada, fim de semana todo jogada na cama com febre e tudo o mais que [não] tenho direito;

6. 15min para a Agência dos Correios fechar e eu pegar uma encomenda esperadíssima: um trambolho de um caminhão de lixo na minha frente e gastei do dobro (triplo) do tempo para atravessar a cidade e a encomenda só na segunda.


Poderia ficar aqui listando acontecimento e mais acontecimentos “Murphyticos”, tal como: perder a chave do carro dentro do carro, me deparar com a câmera fotográfica descarregada num momento ímpar e não poder registrá-lo ou perder a indicação para um emprego que estava “certo” há meses porque o seu QI é mais fraco que o QI da pessoa que ficou com minha vaga, mas cansei. Vou me entregar ao sofá e esperar que a fase passe ou, pelo menos, diminua o ritmo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

RESENHA DE ABRIL - RELATO DE UM NÁUFRAGO


Dizem que sou imediatista. Disso não sei, mas tenho consciência de que sou um tanto ansiosa. Imediatista é que tem o sistema de agir que dispensa intervenções e rodeios. Já o ansioso é sôfrego, impaciente, desejoso. De modo que estou mais para ansiosa que imediatista.

Também tenho a péssima mania de comprar ideias. Ideias alheias, nem sempre as melhores, ou mais fáceis de serem realizadas. Mas compro, não sei por que, e elas sempre me rendem ótimas histórias.

Mas o que isso tem a ver com a resenha de Abril? Simples, escolhi um livro dificílimo de encontrar. A ideia de lê-lo foi da Regina (sempre ela). Ela disse ser um bom livro, que já havia lido e gostado muito e, o mais importante, eu o encontraria na biblioteca da Escola Municipal Agrícola.

Pronto. Foi o suficiente para o título ir para a lista do Desafio Literário. O problema é que, não sei por que cargas d’água, o mesmo não existia mais na biblioteca da tal escola, nem em nenhuma outra biblioteca da minha pitoresca cidade. Tentei baixá-lo no formato e-book, mas só o encontrei em espanhol. Baixei assim mesmo, mas, decididamente, só falo a língua materna e não rolou essa leitura.

Resolvi, então, traduzi-lo utilizando os tradutores do “Mestre Google”. Não preciso dizer que ficou o “ó do borogodó”. Fui à Vitória (capital do ES) para um Seminário e, no intervalo do almoço, procurei o livro em duas livrarias e nada. Parecia que o livro não era mais editado e todos os exemplares haviam sumido das prateleiras.

Já em polvorosa com minha ansiedade e imediatismo, afoita por cumprir com meu “Desafio”, fui salva pelo meu doce amigo Robson, que me indicou um site que me entregou o livro em 3 dias (dobro do tempo que levei para lê-lo).

Agora sobre o livro:

Linguagem agradável, como tudo do Gabriel Garcia Marquez, foi uma leitura interessante que me permitiu compreender as agruras de um jovem rapaz que precisou enfrentar a fome, a sede, o frio e, sobretudo, a solidão do mar por dez dias, à deriva no mar do Caribe.

Em diversos momentos me coloquei na situação da personagem principal e fiquei a imaginar o silêncio do mar, a escuridão da noite e as loucuras às quais nossa mente nos remete nestes momentos ímpares da vida. Momentos dos quais nunca mais saímos vivos, ou seja, a pessoa que inicia a jornada nunca mais retorna, ela dá lugar a outro ser, renovado, com nova casca capaz de suportar diversas dores e com uma visão de vida que valoriza muito mais a si mesmo e ao que se conquista com esforço e luta.

Recomendo o livro como lição de vida, de luta e de exercício de controle da ansiedade e imediatismo. Valeu, sobretudo a experiência da caçada ao livro, dos esforços de ler em outra língua e lutar contra a tradução deficitária que consegui fazer. Que me aguarde livro de Maio.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Só um lembrete do Quintana ...



'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira. ..
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.

Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana

terça-feira, 13 de abril de 2010

CERTAS COISAS SÓ ACONTECEM COMIGO


Certas coisas só acontecem comigo! Eu sei que a Regina vai dizer: “Não gosto quando você diz isso.”, mas isso é fato e a cada dia comprovo-o.

Nos últimos 12 meses tive 5 celulares. Não que eu quisesse trocar por um modelo novo, nada disso. O caso é que o primeiro deles eu coloquei (sem querer) dentro da máquina de lavar roupas (?!). Outro, com menos de um mês de uso desligou e não ligou mais, “simples assim”. Quando este voltou da autorizada, me serviu apenas mais alguns dias e virou caquinhos nas mãos de um irracional.

O celular que substituiu esse durou exato dois meses e também parou, sozinho. Acho que se cansou de ouvir minha voz. E o último da lista caiu de minhas mãos, bem na porta da minha sala e quebrou o visor. (1, 2, 3, 4... é foram 4, mas como um estragou duas vezes conto 5).

Nesta dinâmica tem computador de mão que para de funcionar na véspera de seminário e pen drive que carrega vírus para o computador de mesa que também para de funcionar. Tem banho com Notebook (?!?) que o leva a queimar e ao seu dono (no caso eu!) perder todo o trabalho e ser obrigando a passar a madrugada inteira refazendo material para dar aula no outro dia com cara de quem dormiu apenas duas horas. Tem sair de uma festa à noite e encontrar dois pneus do carro furados e lembrar que o carro não tem nenhum estepe (mas se tivesse não ia fazer diferença a menos que alguém trocasse para mim).

E tem também chave de carro que não entra na ignição. Já viu isso? Chave de carro que não entra na ignição? Não disse que certas coisas só acontecem comigo?

Era para ser só mais uma noite segunda-feira (chuvosa) comum, na qual tínhamos nos reunido para (mais uma vez) aprender tocar violão e quando fui pegar o carro para voltar para casa, a chave simplesmente não entrou na ignição.

Veio um, veio outro. Liguei pra um, liguei pra outro. Futucou um, futucou outro. E por incrível que pareça todos me fizeram a mesma pergunta: “Tem certeza que essa chave é sua?”. Gente, meu carro, minha chave, meus belenguendens e ainda me perguntam se aquela chave era minha?

Até que, no auge dos achismos e futucações, apareceu um mecânico. Eu me cansei, sentei na porta da garagem do “Padre Pião” e, com um pedaço de papel que achei jogado, escrevi esse texto. O mecânico desmontou o painel do carro e fez ligação direta. Eu fui pra casa e meu golzinho para a oficina.

PS.: Meu carro passou a manhã no “pronto socorro” e tiveram que retirar o volante e trocar o miolo (?!?) da chave. Agora ele está bem, convalescendo na garagem. Quando fui contar a façanha ao meu irmão hoje pela manhã ele não se dignou a perguntar se eu havia trocado a chave do carro, ele foi muito mais além, perguntou se eu havia trocado o carro...

Tenha santa paciência. Como disse a Claudiana: “É mãe, eles te confundem pela cor do seu cabelo”. Vai saber...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O AMOR


O amor tem sido pauta das minhas discussões e divagações nos últimos post’s. Em alguns momentos falo de um amor doído, saudoso, melancólico. Em outros, é um amor esfuziante, que toma conta de todo o meu ser, minha alma, minha existência.

Camões, acho que há muito tempo sofreu do mesmo mal que eu e foi feliz em afirmar que “o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer”. Até o Renato russo, acredito que também condoído como nós, colocou belos acordes nesses versos e fez enorme sucesso e continua embalando fantásticas dores de cotovelo até hoje.

Decididamente não dou conta. Neste ligar e desligar tomadas, neste virar páginas e sobrepor amores, não dou conta.

Da última vez que chorei por amor, decidi nunca mais me apaixonar. Mas acho que minha mente esqueceu de mandar esse recado ao meu coração, ou, simplesmente, o mensageiro se perdeu na profusão de sentimentos de que é feito todo o meu ser.

A conclusão a que chego é que vou ter que trabalhar isso melhor: refazer alguns cálculos, tirar novas medidas dos espaços existentes em mim, reagrupar alguns pensamentos por afinidades, intensidades, originalidades, necessidades e afastar a maioria dos sentimentos que me fragilizam, me amolecem, me fazem querer amar novamente.

Não estou querendo com isso excluir o amor da minha vida. Longe de mim ser tão radical. Quero apenas eliminar aquele amor do qual não mais acredito e, por isso ou em conseqüência disso, me faz sofrer tanto.

Fogo que arde sem se ver né? Ferida que dói e não se sente? Vamos ver quem é mais forte.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SENTIMENTOS


Há algum tempo venho ensaiando escrever sobre um sentimento que tem tomado conta de mim, do meu corpo, do meu coração, da minha mente, da minha alma. Mas como escrever sobre um sentimento que não se define, não se exprime, que pouco, ou nada, se conceitua.

É apenas uma dor que sinto no fundo do peito, às vezes do lado esquerdo, mas quase sempre do lado direito. Uma dor que de tão forte embarga a voz, anuvia os olhos, estremece as pernas, esfria a espinha, embrulha o estômago. Sente-se, mas não se explica.

Teve um poeta (Rogério Brandão, médico por formação) que disse que ela “é o amor que fica”, mas e quando ela vem antes, antes do amor, da experiência propriamente dita, como explicaria esse fato o poeta?

Como disse, só hoje consegui parar para organizar este sentimento em minha mente e transformá-lo em palavras. É que, especialmente hoje a dor é diferente, é de uma saudade dupla, que não reside só em mim, reside também em outro coração. E de tão grande que está, o reflexo de sua dor está chegando até aqui e não apenas o lado direito do meu peito está doendo, como também o esquerdo, acompanhado de todos os outros sintomas prolixos da saudade.

Não sei explicar como sinto, só sei afirmar que sinto: a sua saudade tão profunda que virou dor, te afastou da realidade e te faz vagar sem rumo em busca da estrada que outrora você seguia, mas da qual se desviou, afastou-se e de tão longe que foi, se perdeu e não pode mais retornar.

É, talvez saudade seja mesmo o amor que fica. Talvez até, eternamente.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

VIDA E MORTE


Sou mãe, mas não sou progenitora, então não sei o que é “dar a luz”, fazer nascer uma nova vida. Já vi nascer outros seres e até ajudei alguns deles a virem ao mundo. Eram animais irracionais, cães e gatos, vidas desprovidas de consciência que despertavam para o mundo.

Também nunca tive em minhas mãos uma vida humana que se esvaia. Não assim nos últimos momentos, últimos minutos, últimos segundos. Mas, em consonância com a vida, tive em minhas mãos, nos momentos finais de morte, uma vida animal, que poderia ser irracional, mas conhecia-me, reconhecia minha voz e reagiu a ela quando a ouviu. Foram três suspiros fundos, profundos grunhidos e junto foi-se sua alma (se é que um animal irracional possui uma). Se não havia alma para partir, partiu sua última chama de vida ou, apagou-se.

Diante desta cena, volto-me aos meus eternos questionamentos: o que somos? O que representamos? Para que somos? Se nosso fim é esse, sem discussão, por que sofremos tanto em busca de algo que em nada modificará o momento derradeiro? Um, dois, três suspiros e nada mais...

Quando me vi frente a frente com a morte, há alguns dias, tive medo. Agora compreendo que não era “ela” que eu temia, mas sim o que deixaria, o que me propus e não dei conta de realizar, os planos incompletos, os sonhos desfeitos, a vida não vivida.

Por mais que pareça egoísta, intratável, arrogante, grosseira, não pensei em mim naquela hora (como não penso nunca). Talvez seja esse o motivo do vazio que a cada dia toma conta de mais uma parte de mim.

Morte, vida, reflexo do que somos, sombra do que gostaríamos de ser, imagem translúcida do que achávamos que seria. Viver esta vida incompleta, cheia de dissabores, permeadas de pedras que não permitem construir nem pontes nem escadas, apenas vão se amontoando e formando barreiras, viver esta vida não pode ser propósito de qualquer ser vivo, seja ele racional ou não.

Viver deve transpor as barreiras do que é visível aos olhos, audível aos fracos ouvidos humanos, sensível ao mais puro sentimento que constitui os seres. Para tanto, proponho arregaçar as mangas, seguir em frente e tentar tocar o horizonte com os dedos largos e mãos limpas de quem não teme a própria vida, ou morte.