Estive
pensando onde surgiu a ideia das canjas de galinha caipira serem o prato
principal das mulheres de resguardo; busquei até informações rápidas no “Mestre
Google”, mas o máximo que consegui foram diversas receitas (que na verdade
culminavam no mesmo prato com poucas alterações) e algo sobre a carne da galinha
ser melhor digerida e suas vitaminas acrescidas dos legumes da canja promovem
um melhor restabelecimento da paciente pós-parto. Já o fato da galinha ser “caipira”,
creio eu que esteja relacionado ao nosso regionalismo mesmo, nossas culturas arraigadas
no interior e nos ditos populares.
A
verdade é que semana passada apareceu outra galinha caipira aqui em casa e, com
ela, outra história interessante.
Em
visita a mãe de uma amiga ofereceu-me uma galinha para a canja e encarregou a
filha (minha amiga) de pegar a galinha em seu quintal, matá-la, limpá-la e
trazê-la para mim com apenas uma recomendação: havia duas galinhas que estavam
botando (chocas) e, portanto, minha amiga devia evitá-las.
Como
a visita foi a noite e no dia seguinte minha presenteadora viajaria ainda de
madrugada, lá foram as duas, mãe e filha, ao quintal, no escuro, ver quais as
duas galinhas deveria estar de fora da escolha.
Minha
amiga é uma pessoa maravilhosa, prestativa, carinhosa, dedicada, mas, coitada,
tem a cabecinha nas nuvens. Quando no dia seguinte foi escolher a galinha, já
não sabia mais quais galinhas não poderia abater. Diante da dúvida, escolhia
uma, ligava para a irmã e colocava a galinha cacarejar no telefone para que a
irmã dissesse se aquela galinha estava ou não choca.
Deu
para visualizar a cena? Uma galinha cacarejando ao telefone dizendo se era ou
não choca para a irmã que estava no outro lado da linha. E foi assim outras
duas ou três vezes, até que ambas concordaram que a dita galinha que agora
cacarejava ao telefone não estava choca.
O
restante da história correu “normal”: a galinha foi morta, limpa, picada e,
claro, virou uma deliciosa canja que ajudou em meu restabelecimento e no ajuntamento
do leite para minha bebê.
Agora
é esperar as próximas galinhas caipiras e suas histórias surpreenentes.