Ando
revisitando meu passado ultimamente. Não, não é saudosismo ou melancolia; sou
só eu mesma querendo descobrir onde parei de sonhar e passei a apenas viver. Não
estou querendo dizer que quem vive não sonha, mas quem sonha vive diferente,
vive numa busca, vive numa esperança, vive numa alegria leve, vive com o pé no
hoje e o olhar no amanhã, sem pressa.
Já
quem apenas vive e deixou, ou esqueceu como se sonha, apenas vive, dia após
dia. Meio que mecanicamente, meio que no controle remoto: acorda, confere a
agenda, cumpre os combinados, faz uma social, sorri, chora e dorme novamente.
Hoje
fiz algo que há muito não fazia. Mexi na terra, arranquei algumas ervas
daninhas. Plantei mudas velhas em vasos novos, plantei mudas novas em vasos velhos.
Acheguei terra em algumas árvores já sem forças para buscar alimento mais lá no
fundo.
Também
dei uma atenção especial à minha arvorezinha da felicidade. Ela já foi uma
planta forte, cheia de galhos e folhas. Verdinha de dar gosto. Há pouco tempo quase
morreu. Todas as folhas amarelaram, murcharam e caíram. Achei que a tinha
perdido para sempre. Outro dia percebi que alguém tinha colocado seu vaso em
outro local e ela estava começando a brotar novamente. Replantei -a num vaso
bem maior. Ajeitei-a com carinho e coloquei terra nova, bastante esterco. Coloquei-a
num lugar de destaque no meu jardim. Agora é prioridade revivê-la.
A
primavera está chegando, faltam só mais alguns dias. E com ela vem também o
momento do desabrochar, do renascer.
Que
esta primavera seja cheia de novas flores, novos amores. Que as cores e o
arco-íris sejam presença constante todos os dias. E que eu redescubra a arte de
não apenas viver, mas também de sonhar.