Do que somos feitos? Como são formadas nossas emoções? De que constitui nossa mente? Como são elaborados nossos pensamentos? A que nos propomos? Onde são estabelecidos nossos relacionamentos?
Poderia continuar questionando por longos períodos, mas não teria respostas aos demais questionamentos, como não tenho a estes aí em cima. Não estou falando de respostas objetivas, mas daquelas subjetivas que nos levam a outros questionamentos e cada vez mais nos entregamos ao confrontamento da nossa mente com a racionalidade, o viver, o sentir.
Li “A paixão segundo G.H.”, Clarice Lispector, para o Desafio Literário do mês de Junho. Não conheço muito da autora, fiz breve pesquisa na net e o único livro dela que havia lido foi “A hora da estrela”.
Achei-a complexa; densa; e, em dados momentos, confusa e redundante.
Mas tenho como característica não aceitar a primeira impressão, ou a segunda, ou, ainda, a terceira, quando estas são negativas. Procuro sempre o lado bom das coisas, algo compreensível, justificável.
G.H. me pareceu uma pessoa solitária, taciturna e num momento ímpar de auto-avaliação, o que a levou a se perder dentro de si mesma, rever conceitos há muito estabelecidos sem, talvez, critérios bem definidos.
O livro é um constante perder-se e achar-se da personagem de Clarice. Um amar-se e odiar-se; luz e escuridão; angústia e contentamento; liberdade e aprisionamento.
Não há leitura que não me acrescente. E Clarice me acrescentou. Muito. Acrescentou-me uma visão diferenciada dos fatos cotidianos, um outro prisma. Acrescentou-me uma forma diferente de expressão, com palavras simples e períodos curtos que muito dizem, muito representam. Acrescentou-me um tanto a mais de reflexão sobre a vida e o viver.
Bom livro, apesar de toda a complexidade que o constitui. Ótima leitura de um livro que jazia na minha estante há tempos esperando a coragem de filiá-lo, lê-lo. Maravilha de desafio literário que tem me proporcionado experiências fantásticas em todos os campos.