Acredito que todas as pessoas têm uma história para contar sobre animais. Os que não gostam, com certeza terão histórias bem elaboradas que justifiquem o fato, e os que gostam, histórias de carinho, divertidas tardes de verão, corridas por campos e praças, animais escondidos debaixo das cobertas, planos de fugas com o companheiro mais fiel, buscas desenfreadas por aquele que sumiu, etc.
Se for detalhar tenho muitas histórias para contar sobre meus animais de estimação, pois já tive diversos: cães, gatos, peixes, porquinho da índia, coelho e até um periquito (coisa que abomino, pois acho que os animais devem ser criados livremente com direito de ir e vir).
Meu primeiro animal de estimação foi uma cadelinha “pequenês” (nem sei se essa raça existe, mas minha mãe falava que era, então era! Quem sou eu para discutir...). A pequena Lessie, foi lá para casa quando eu ainda nem tinha nascido, de sorte que ela era oficialmente do meu irmão, mas a responsável por cuidar, alimentar e correr atrás, quando ela fugia era eu, então, de fato, era minha.
Tínhamos uma relação de amor eu e a Lessie. Ela dormia no meu quarto, debaixo da cama, comia tudo que eu comia, brincava comigo de casinha, passeava comigo pelas ruas. Era minha confidente, etc, etc, etc. Mas, sempre que minha mãe caia de cama, parece que ela percebia algo de estranho no ar e não saia debaixo do criado mudo da cama dela, até que melhorasse e se pusesse de pé novamente.
Lessie morreu quando eu tinha 15 anos, de modo que ela deveria ter cerca de 16 anos. Bem velhinha para um cão (não seria cadela?). Morreu cega, quase sem nenhum dente e sem muitas forças para caminhar. Foi enterrada nos fundos da nossa casa. Não quis ver. Meu pai fez todo o serviço. Como foi verão, meu irmão estava viajando e quando chegou e recebeu a notícia, deitou-se na minha cama e chorou até dormir, como se tivesse 10 anos de idade, mas na verdade ele tinha 25.
De lá para cá, foram Rogers, Belinhas, Luízas, Missins, “Miojos”, Leões, Morfeus, Lilis, Tom Jobim (o periquito que não durou nem um mês, porque precisei viajar e deixei-o com uma vizinha e ela o deixou fugir), etc.
Atualmente estou me aventurando por um campo mais tenso de animais de estimação, me dei o privilégio de criar um pit bul. Tenho em mim a opinião de que o que faz o animal é seu dono, ou seja, a forma que ele é criado. Não quero aqui tirar a responsabilidade do próprio cão, ou dizer que o meu é dócil e jamais me causará problemas, mas quero dizer que o crio com carinho, disciplina, converso com ele, ou como diz um amigo: “você cria ele como se fosse um poodle”. Sim! Com todo amor dispensado a um pequeno cão.
O Hulligan é um doce, um amor de cachorro e, de todos que já tive, é o mais obediente. Com ele só preciso dizer uma vez que ele logo obedece. O maior problema do Hulligan é que ele parece que nunca vai se tornar adulto, vive aprontando das suas, comendo chinelos, roupas que ficam perdidas na área de serviço e minhas plantas... Como o Hulligan adora comer minhas plantas! Come até o talo, e ainda desenterra a raiz e come mais um pouquinho, isso quando não cava o vaso e joga a terra toda no chão da varanda e da área.
Mas o amo assim mesmo! Ontem fomos caminhar no Empoçado. Ele entrou no carro todo faceiro. Aquele cachorrão enorme, pesando uns 30 kg, no banco detrás. Quando chegamos, ele sabia direitinho para onde tinha que ir, e acompanhou-me no percurso todo sorrindo. Você não acredita? Pois pode acreditar, o Hulligan sorri, e esta é uma das características que mais gosto dele, um Pit Bul caramelo, de olhos azuis e nariz vermelho que sorri para mim!
Caminhamos e corremos por 6 km de uma forma divertida e encantadora, uma hora a mais de vida que ganho no meu caderninho, por curtir um momento tão especial com um animal que alguns abominam, mas que eu continuo afirmando que é um doce, um bebê de 30 kg.
Um dia uma pessoa me disse que quem tem “jeito” com animais tem bom coração. Devo então ter bom coração, porque amo estes meus bichinhos de estimação e dou o meu melhor para eles, com eles sou eu mesma (como diz meu anjo), sem a necessidade de fantasias ou “cara de paisagem”, porque eles também me amam como realmente sou.