
Outro dia, conversando com um amigo, ele disse-me que viu a enchente de 79, que assolou Afonso Cláudio, e depois viu também a de 2009, de igual ou maior proporção. Então, ele disse-me que queria estar vivo daqui a 30 anos para ver a próxima grande enchente em nossa cidade. Não precisou esperar 30 anos. Na verdade, esperou poucos dias após ter feito essa reflexão comigo. Ressalto: não falávamos sobre enchentes e sim, sobre tempo.
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(Foto Victória Roncete) |
Em meio a diversos trabalhadores que se apressavam em levantar mercadorias das lojas e moradores – ajudados por seus vizinhos e parentes – que carregavam todas as suas “coisas” em caminhões e ônibus da prefeitura para escolas ou lugares mais seguros, encontrei também cidadãos eufóricos com as águas que subiam 1cm por minuto, apostado uns com os outros se passariam ou não os níveis da enchente anterior, de 1 ano atrás.
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(Foto Monalisa Brumm) |
Também falei com uma amiga pelo telefone. Ela, há três noites, não dormia vigiando o rio. Dormiria agora, o restante da madrugada na casa da cunhada, pois transportara todas as suas “coisas” para um lugar seguro e nada mais havia a fazer, a não ser esperar as águas baixarem para lavar o barro.
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(Foto Ravany Lerbarch) |
É, o Mundo está mudando. As estações não estão mais tão bem definidas quanto antes: faz frio intenso em épocas em que as temperaturas deveriam estar mais amenas, o calor em certos dias é insuportável e as chuvas não são mais tão bem distribuídas como antes. Isso sem falar da destruição global do nosso próprio habitat; da hipocrisia das pessoas; do “ter” mais importante que o “ser”...
(Foto Ravany Lerbarch) |