Quando eu era criança, bem pequena, no finalzinho da tarde
passava o seriado do Incrível Hulk. Não me lembro muito bem dos episódios,
apenas que o Hulk era um cara legal, que quando ficava nervoso transformava-se
num monstro que destruía tudo e, em alguns casos, machucava as pessoas.
Lembro-me que sentava no sofá e ficava vendo tudo aquilo. O
episódio sempre começava com ele chegando em alguma cidade diferente, onde por
algum motivo a “cura” para sua mutação poderia ser encontrada. Ele
aproximava-se das pessoas, iniciava sua busca, mas no meio da história alguma
coisa ruim acontecia, ele perdia o controle e tudo se perdia.
A emoção tomava conta de mim quando tudo que ele tinha
conseguido conquistar, as pessoas, algum respeito, algum carinho e atenção era
perdido por uma explosão de raiva que o acometia e o transformava no monstro.
No final de todos os episódios ele aparecia vagando sozinho
por uma estrada, geralmente à noite, algumas vezes chovendo, sempre sozinho
novamente. Era impossível não chorar com música final e sua tristeza e solidão.
Eu deveria ter 4, 5 anos e a tristeza e a solidão daquele
homem já me comoviam...