A vida é mesmo cheia de surpresas. E a minha então... parece uma festa surpresa de aniversário todos os dias: com bolo escondido, presente de última hora, gente atrás da porta, luz apagada, parabéns pra você cantado bem alto e, porque não, alguns abraços apertados e constrangedores.
Me preparava agorinha para o banho, quando me deparei com um surpresa [ou mais uma] da minha filha. A surpresa desta surpresa me fez lembrar quando eu tinha entre 10 e 12 anos e estava sentada à beira do rio com meu pai, pescando de anzol. Estávamos bem na beirada do rio, encostados em algumas bananeiras e os únicos peixes que beliscavam o anzol eram bagres.
O rio já era bastante poluído naquela época e com certeza não estávamos ali pelos peixes e, sim, pela companhia um do outro, pelo barulho da água descendo o rio, pela tranquilidade, pela paz...
Mas, como ia dizendo, lembro-me exatamente do pensamento que acometeu minha mente naquele momento: "um dia vou adotar uma criança!". Não sei porque pensei isso, exatamente naquele momento, nem porque me lembrei disso agora, mas a verdade é que esse pensamento permaneceu na minha mente por quase 20 anos.
Há 09 anos convivendo juntas, de uma forma ou de outra, todos os dias ela me surpreende. Quando era pequena, sempre que chegava da escola ela me trazia uma florzinha e me dava um beijo; me escrevia cartinhas e recadinhos carinhosos; fazia desenhos para mim...
O tempo foi passando e as surpresas foram mudando. Hoje com 15 anos ela não traz mais flores para mim e reluta todas as vezes que peço um beijo, mas continua expressando seu amor por mim com pequenos gestos de carinho, como o de hoje, que me fazem compreender que a maior surpresa de todas é ela fazer parte da minha vida e ser meu presente de Deus. Uma criança nascida de mim não seria mais minha filha do que ela.