
Ele tinha 39 anos quanto ela nasceu. Não era tão pequena assim como ele imaginava, não possuía um fio de cabelo sequer e como chorava... gritava tanto, que mesmo não tendo nenhum conhecimento médico e/ou científico, ele tinha certeza de que ela não possuía nenhum problema nos pulmões.
Por mais que esta não fosse sua primeira experiência, ele sabia que esta seria única e que a partir daquela madrugada úmida, sua vida não seria mais a mesma; que as noites de sono não seriam mais tão tranqüilas e que a maioria dos homens, principalmente os mais jovens, não seriam mais vistos com bons olhos.
O tempo foi passando e aquela criaturinha frágil, sem cabelos e sem dentes, foi ganhando cabelos dourados como o sol e dentes brancos como algodão, que se enfileiravam num sorriso todas as vezes que ele olhava para ela e fazia uma gracinha qualquer.
O fato de ser uma menina não foi nenhum empecilho para que se tornassem grandes companheiros das mais diversas jornadas possíveis. Quando ela já andava e falava pelos cotovelos ele a levava para pescar. Ele entrava no rio com a tarrafa (naquela época ainda era permitido e havia muitos peixes no rio) e ela ficava na margem, segurando o saco e aguardando os peixes.
Quando precisavam atravessar para a outra margem, cujo rio ainda possuía muita água e correnteza, ele colocava a tarrafa num dos braços, ela se pendurava em seu pescoço e lá iam eles rio afora. Com o saco cheio de peixes eles voltavam para casa e, ainda juntos, iam limpá-los para fazer a moquecada.
Houve também um tempo em que eles simplesmente entravam dentro do fusquinha bege e davam voltas pelas ruas, só para ver o movimento...
Um dia ele a ensinou a jogar bisca e quando jogavam apostando balas, ele se enchia de orgulho porque ela fazia o favor de ganhar todas as rodadas. Ao se dar por satisfeita, ela reunia seu ganho, colocava em uma sacola e ia dormir.
Foi ele também que a ensinou a dirigir o fusquinha bege aos 15 anos de idade; a trocar pneu logo em seguida; que chovia em todos os dias de finados e que este dia era reservado para rever os tios, tias, primos e primas lá de Itapina.
É, ela foi uma companheira e tanto em todas as horas e em diversas aventuras. Fora as noites que ele perdeu (ou ganhou?), velando-a com febre altíssima por causa das inflamações de garganta, noites e dias estes que ela não comia nada além daquele copo de salada de frutas comprado no bar do “Seu Lindolfo”.
E foi assim, até o dia em que ele, numa mistura de alegria e tristeza, alívio e dor, esperança e saudosismo, magia e inquietação, felicidade e nervosismo, atravessou a nave da igreja com ela pelo braço para entregá-la a outro homem (que no seu íntimo não passava de mais um garoto).
21 anos de convivência feliz, ao mesmo tempo que conturbada, passaram pela sua mente naqueles pouco mais de 4 minutos. Ele sabia que no final daquele corredor apertado da igreja, toda enfeitada de flores, quando ele entregasse o seu bem mais precioso àquele cara, sua parceira perfeita não estaria mais à sua disposição em todos os momentos que ele precisasse...
Mas é assim, fazer o quê?
Um pensamento, então, tomou conta de sua mente, talvez enviado por Deus para que ele pudesse cumprir mais esta missão da melhor forma possível: “chega um momento em nossas vidas que nossos filhos deixam de ser filhos, mas nós, nunca deixamos de ser pais!”
Feliz dia dos Pais!
Por mais que esta não fosse sua primeira experiência, ele sabia que esta seria única e que a partir daquela madrugada úmida, sua vida não seria mais a mesma; que as noites de sono não seriam mais tão tranqüilas e que a maioria dos homens, principalmente os mais jovens, não seriam mais vistos com bons olhos.
O tempo foi passando e aquela criaturinha frágil, sem cabelos e sem dentes, foi ganhando cabelos dourados como o sol e dentes brancos como algodão, que se enfileiravam num sorriso todas as vezes que ele olhava para ela e fazia uma gracinha qualquer.
O fato de ser uma menina não foi nenhum empecilho para que se tornassem grandes companheiros das mais diversas jornadas possíveis. Quando ela já andava e falava pelos cotovelos ele a levava para pescar. Ele entrava no rio com a tarrafa (naquela época ainda era permitido e havia muitos peixes no rio) e ela ficava na margem, segurando o saco e aguardando os peixes.
Quando precisavam atravessar para a outra margem, cujo rio ainda possuía muita água e correnteza, ele colocava a tarrafa num dos braços, ela se pendurava em seu pescoço e lá iam eles rio afora. Com o saco cheio de peixes eles voltavam para casa e, ainda juntos, iam limpá-los para fazer a moquecada.
Houve também um tempo em que eles simplesmente entravam dentro do fusquinha bege e davam voltas pelas ruas, só para ver o movimento...
Um dia ele a ensinou a jogar bisca e quando jogavam apostando balas, ele se enchia de orgulho porque ela fazia o favor de ganhar todas as rodadas. Ao se dar por satisfeita, ela reunia seu ganho, colocava em uma sacola e ia dormir.
Foi ele também que a ensinou a dirigir o fusquinha bege aos 15 anos de idade; a trocar pneu logo em seguida; que chovia em todos os dias de finados e que este dia era reservado para rever os tios, tias, primos e primas lá de Itapina.
É, ela foi uma companheira e tanto em todas as horas e em diversas aventuras. Fora as noites que ele perdeu (ou ganhou?), velando-a com febre altíssima por causa das inflamações de garganta, noites e dias estes que ela não comia nada além daquele copo de salada de frutas comprado no bar do “Seu Lindolfo”.
E foi assim, até o dia em que ele, numa mistura de alegria e tristeza, alívio e dor, esperança e saudosismo, magia e inquietação, felicidade e nervosismo, atravessou a nave da igreja com ela pelo braço para entregá-la a outro homem (que no seu íntimo não passava de mais um garoto).
21 anos de convivência feliz, ao mesmo tempo que conturbada, passaram pela sua mente naqueles pouco mais de 4 minutos. Ele sabia que no final daquele corredor apertado da igreja, toda enfeitada de flores, quando ele entregasse o seu bem mais precioso àquele cara, sua parceira perfeita não estaria mais à sua disposição em todos os momentos que ele precisasse...
Mas é assim, fazer o quê?
Um pensamento, então, tomou conta de sua mente, talvez enviado por Deus para que ele pudesse cumprir mais esta missão da melhor forma possível: “chega um momento em nossas vidas que nossos filhos deixam de ser filhos, mas nós, nunca deixamos de ser pais!”
Feliz dia dos Pais!
Linda homenagem!!! Conseguiu me fazer chorar...
ResponderExcluirBelo texto. Estou orgulhosa de vc...
Te amooo!!