sexta-feira, 27 de abril de 2007

Cenas do dia-a-dia

Outro dia fiquei sabendo que um homem furou um buraco na parede de uma igreja e entrou dentro dela, revirando todo o seu interior em busca de algo; não encontrando, pulou um muro e subiu as escadas da casa do caseiro daquela igreja e bateu à porta. A esposa do caseiro atendeu e perguntou o que ele queria e o mesmo disse que queria apenas lugar para passar a noite. Ela não abriu a porta e insistiu para que ele fosse embora. Sem ter o que fazer, o homem desceu às escadas, pulou o muro, atravessou a igreja deserta, passou novamente pelo buraco na parede e se foi...
Algumas pessoas aconcelharam a mulher do caseiro a chamar a polícia, mas ela não achou necessário.
Você deve estar esperando um desfecho trágico para esta história, mas não houve nenhum desfecho trágico, o fim foi este mesmo, o homem foi embora e a mulher do caseiro não chamou a polícia. Simples assim.
Infelizmente, na maioria dos casos isso não acontece. Um dos desfechos trágicos para essa história poderia ser o homem forçar a entrada da casa, assim como fez com a igreja, entrando na residência, cometendo roubo e causando algum mal àquela mulher que se recusou a dar-lhe abrigo numa noite fria... Geralmente é esta linha que os acontecimentos seguem.
E são pensamentos assim que fazem-nos nos recolhermos as nossas casas cedo; que impedem os jovens de namorar dentro do carro, à noite, no portão da casa da moça. São atitudes como a que nós imaginamos que aconteceriam com a mulher do caseiro que nos impedem de dar um prato de comida àquele mendigo que bateu à nossa porta, ou melhor, portão de grades, que fica em um muro alto e cheio de cacos de vidros, impedindo aos intrusos de entrarem...
São pensamentos assim e imagens como as que presenciamos durante toda a semana daquele assaltante que invadiu uma residência com uma mãe de família e seus três filhos de 03, 06 e 10 anos de idade. O sequestro durou mais de três dias, a polícia cortou a água a energia e o telefone da residência tentando minar as forças do bandido. E as forças da mãe? E as forças das crianças? E a força das famílias envolvidas e em suspense pelo sequestro?
"Nós cidadãos estamos presos em nossas próprias casas, enquanto os bandidos
estão livres pelas ruas!"
Esta célebre fase, tão dita pelas ruas, ganha força a cada dia, a cada ato violento, a cada visita indesejada no meio da noite, a cada assalto a jovens namorados, a cada...
E nós, o que fazemos diante desta situação?
Escondemo-nos. Adaptamos-nos à triste realidade, aumentamos nossos muros, acrescentamos grades e portões de aço, impedimos nossos filhos de brincar de bola na rua, colocamos em nossos quintaes cães assassinos que ao mesmo tempo que podem atacar algum intruso podem atacar nossos filhos, amigos, familiares.
Achamos normal não podermos sentar à calçada numa tarde de primavera para saber sobre as novidades dos vizinhos, acostumamos a não saber nada sobre os nossos visinhos, muitas vezes nem seus nomes... Acostumamos a nos isolar, formar nossa ilha particular...
Acostumar a atitudes de medo e reclusão não pode ser costumeiro em nossas vidas, não podemos nos tornar reféns do medo e da violência, não podemos nos afastar de nossos vizinhos. Precisamos nos unir, achar um absurdo um louco fazer mãe e três crianças reféns por período tão longo, e fazer algo para mudar esta realidade, não apenas ficar chocado diante da televisão ou do jornal de domingo com inúmeras notícias de crimes de final de semana. Precisamos não apenas levantar a bandeira da paz, mas arregaçar as mangas e colocar a mão na massa para reverter a situação a nosso favor.
Então surge a pergunta: "Mas o que fazer? O que posso eu, sinples cidadã, diante de bandidos treinados e maquiavélicos, preparados para morrer ou morrer?"
Bom, esta resposta cabe a cada um de nós. Aquela outra célebre frase que diz que "se cada um fizer a sua parte, as coisas melhoram", é válida também para esta realidade. O bandido que entrou naquela residência, um dia foi criança como aquelas às quais ele fez refém... mas como será que foi sua infância? Será que teve uma escola acolhedora para ensinar-lhe os princípios sociais, ou foi uma daquelas escolas que mais excluem que ensinam? Será que os professores diante da sua rebeldia de adolescencia chamaram-no para conversar e tentaram compreender seus problemas e angúsias típicas da idade e da situação social e familiar pela qual passava, ou simplesmente lhe deram uma suspensão e o mandaram para a rua? Será que as pessoas que passaram pela sua infância e juventude lhe mostraram que mesmo que a vida seja dura e os resultados demorem a acontecer é melhor ser honesto, é melhor ser digno, é melhor ser cidadão descente do que um criminoso que traumatiza crianças, mata idosos pelo rendimento de seu aposento, ou trafica drogas?
Eu realmente não tenho as resposta para estas questões. Tenho, na verdade, muitas outras questões procurando respostas...
Procuro fazer minha parte, mas ainda não sei se está dando certo...
E você, topa engrossar minha fileira e fazer a sua também?

terça-feira, 24 de abril de 2007

Como é bom ler e escrever...

Sempre gostei de ler e escrever! Acho até que isto deveria ser natural no ser humano, como respirar, comer e beber...
Mas quanto mais o tempo passa, percebo que ler e escrever não fazem parte do cotidiano das pessoas 'normais'. Isso porque aqueles que tiram dias inteiros para ficarem estirados numa poltrona confortável apenas lendo um bom livro, ou revista, ou artigo, geralmente não são bem vista por aqueles tantos outros que desanimam até de ler as manchetes do jornal de domingo.
Não sei bem esplicar porque isso acontece. Os mais drasticos diriam que são as facilidades do mundo audio visual que fazem com que as pessoas tem preguissa de ler, mas eu acredito mesmo que isto seja uma deficiência que se forma ainda na infância e que não é detectada pelos professores, pais e responsáveis e, sem tratamento, torna-se difícil de ser curada.
Este seria um forte responsável pelo Brasil ter, atualmente, um número tão grande de analfabetos funcionais, aqueles que sabem ler e escrever, mas não sabem o significado que leem ou escrevem.
Minha história como leitora é antiga, minha mãe é professora pública aposentada e os livros faziam parte da minha casa, como se fossem cadeiras, mesas, bonecas, etc. O meu pais, um militar também aposentado, sempre que podia estava com um livro enfiado na cara, sem contar o jornal que devorava página por página todos os dias. E eu, que quando adolenscente não era nada sociável, vivia enfiada na biblioteca da escola procurando algo de interessante para ler. Na verdade foi isso que me fazia ver nos livros um mundo totalmente novo e aberto a possibilidades e aventuras. Quando criança não invejava de minhas amigas as bonecas caras ou os brinquedos modernos, invejava as coleções de livros infantis que elas tinham...
Acho que isso de ler tudo está mesmo no sangue...
Mas deveria mesmo é estar na mente, no coração, nos olhos...
Ah, o escrever... bom, escrever é conseqüência de ler... quem muito lê, logo sente vontade de por no papel o que povoa a sua mente. Mesmo sem muita desenvoltura, ou técnicas, ou português correto... a idéia é pegar um pedaço de papel e ir traçando nele o que vem pela mente e, assim, montar um texto, uma crônica, uma história, um livro...
Amigo, como é bom ler e escrever...