domingo, 11 de setembro de 2011

GPS

Já viajou alguma vez para algum lugar desconhecido, apenas com informações distorcidas sobre o caminho que deveria tomar? Eu já, mas não fui só, levei minha semente transgênica e outra moça que eu não conhecia e que ficava falando o tempo todo de dentro do GPS.

Deram-me aquela moça para companhia afirmando que ela levar-me-ia até meu destino sem problemas, afinal ela conhecia todas as estradas e caminhos. Confiante, disse à moça do GPS onde estava e para onde queria ir e, a partir daí, ela ficou repetindo o tempo todo: “vire à direita”, “ande mais 200m”, “rotatória à esquerda”, “você está excedendo o limite de velocidade” (confesso que este último e o primeiro foram os que mais ouvi nos 380km que percorri).

Aos poucos fui percebendo que sua sapiência não era tão soberana assim, mandava-me virar em pontos que nem haviam entradas, e a tal rotatória não consegui identificar. A minha sorte é que minha semente saiu-se uma excelente navegadora, talvez pela transgenia, não sei; desde o início ela achou que a tal moça do GPS estava um tanto quanto confusa e dizia coisas não muito condizentes com nosso destino e a estrada que percorríamos e foi decifrando as mensagens da moça e orientando-me.

Fato é que aos “trancos e barrancos” (mais barrancos que trancos) conseguimos chegar ao nosso destino a tempo e à hora, auxiliadas em parte pelas informações iniciais distorcidas, pela moça do GPS e, sobretudo pelo infalível sexto sentido feminino.

Dia desses tive que percorrer novamente os mesmos 380km. Desta vez não levei nem minha semente nem a moça do GPS, queria uma viagem mais tranqüila, levei um homem: aqueles espécimes que dirigem melhor que qualquer outro, aqueles que possuem um localizador via satélite dentro da própria cabeça, aqueles que conhecem TODAS as estradas, mesmo sem nunca ter passado por elas.

Neste dia também chegamos ao destino a tempo e à hora, só que na volta para casa pegamos um atalho que nos fez rodar mais uns 100km...

Na próxima, chamo a moça do GPS novamente.