terça-feira, 29 de dezembro de 2009

8.766 HORAS NOVINHAS


Desde sempre ouço dizer que o tempo é a gente quem faz, que quem vive reclamando que não tem tempo é porque não sabe se organizar e tal. Eu mesma, confesso, já repeti essa máxima diversas vezes.

A verdade é que sempre fui polivalente. Sempre fiz um monte de coisas ao mesmo tempo. Sempre. E, desta forma, as horas vagas iam se acumulando e davam a impressão de um tempo de sobra.

Recentemente, mesmo continuando fazendo um monte de coisas ao mesmo tempo, mais polivalente que nunca, um outro monte de coisas tem ficado sem fazer. Há apenas dois dias de fechar o ano, sinto que o tempo não está a meu favor (tá bom, tá bom, eu sei que o tempo é imparcial, mas é a impressão que tenho). A impressão que tenho é que algumas coisas que deveriam ser finalizadas ainda este ano ficarão à deriva. Não é que fui displicente, é que o tempo faltou mesmo (ou eu que não dei conta dele?).

Tempo, tempo, tempo... como viver sem contá-lo, como contá-lo para viver. Bom mesmo seria vivermos sem nos darmos conta dele, perceber apenas o nascer e o pôr-do-sol, não precisar organizá-lo em dias, semanas, meses, anos...

Então, para que não fique com a impressão de que a imparcialidade do tempo foi mais cruel comigo no ano que se aproxima, prometo ouvir a minha própria ladainha, pois terei em mãos um tempo novinho, esperando apenas que eu me empolgue a utilizá-lo coerentemente.

Serão 8.766 horas disponíveis para eu realizar tudo aquilo que eu planejar e ainda podem sobrar algumas para aventuras inesperadas sem ideia pré-estabelecida.

Serão 365 nasceres de sol prontinhos para que eu faça as minhas coisas e ainda tenha tempo para fazer as coisas de que realmente gosto, sem precisar me enraivar com o tempo e reclamar de sua imparcialidade comigo.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

ENTÃO É NATAL


‘Então é Natal’, mais uma vez e de novo. Mas até quando? Li na coluna do Prata há alguns dias, que o Natal estava acabando e que no máximo em 10 anos seria totalmente esquecido e se tornaria apenas mais um feriado onde se festeja sem saber realmente o seu sentido. Achei engraçado este comentário quando o li, mas não pude deixar de refletir sobre ele.

Não gosto muito de Natal, isso não é novidade aos meus amigos, mas acho que poucos deles compreendem os meus motivos, ou ao menos se interessam em compreender.

Há muito o Natal, em sua essência deixou de existir. Além da esfuziante troca de presentes, dos abraços de uma só mão, dos votos vazios de ‘Feliz Natal e próspero Ano Novo!’, pouca emoção dos primeiros natais ainda resiste à modernidade da vida, à globalização da sociedade, à banalidade dos sentimentos.

Essencialmente o Natal é um tempo de reunir a família, agradecer a Deus pelo presente maior que Ele nos deu, fazer votos (verdadeiros) de paz, amor, fraternidade, saúde. Mas a correria (?) do dia-a-dia tem nos feito minimizar este detalhe, deixando-o para depois, quando o tempo e as oportunidades se mostrarem mais favoráveis.

Entretanto, é necessário que não nos esqueçamos do motivo maior de estarmos no mundo, da necessidade do outro em nossas vidas e da nossa na deles. Não nos esqueçamos de que a renovação presente no Natal nos é necessária cotidianamente e que agradecer e pedir perdão são, intrinsecamente, sinônimos desta renovação.

Sobretudo, não aceitemos (ou ofereçamos) um abraço de uma mão só, um voto vazio de ‘Feliz Natal...’ ou um presente caro como compensação por não compreendermos, de fato, o verdadeiro sentido do Natal permitindo que ele realmente se faça esquecer na humanidade e se torne apenas mais uma comemoração indefinida no calendário.

De verdade e de coração, um Feliz Natal a você e sua família, que 2010 seja um período de compreendermos melhor o sentido da vida e que, a partir desta compreensão possamos viver verdadeiramente a vida como ela se propõe a nós, e um abraço apertado e gostoso, com as duas mãos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ÀS VEZES EU

Às vezes sorri, outras chora
Às vezes conta uma piada, outras reclama da vida
Às vezes faz um carinho, outras defere um tapa
Às vezes sonha, outras insônia
Às vezes brinca, outras briga
Às vezes aconselha, outras bronca
Às vezes mãe, outras órfã
Às vezes forte, outras indefesa
Às vezes caça, outras presa
Às vezes Patrícia, outras Lerbarch

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

À ESPERA DO ENCANTO


A rua estava repleta de pessoas. Eram “gentes” de todas as idades: crianças pequenas, crianças de colo, crianças que corriam, crianças que se escondiam nas pernas dos adultos, crianças maiores, adolescentes aparentemente sem interesse no que estava acontecendo, pais radiantes e com a desculpa esfarrapada de estarem ali só para acompanharem os filhos, avós munidos da mesma desculpa e outros tantos que não escondiam sua expectativa e satisfação.

A verdade é que eram muitas pessoas disputando espaço, enfrentando o mesmo calor abafado (mesmo que a céu aberto), trocando saudações superficiais ou mais carinhosas e diretas.

O tempo ia passando, a noite aprofundando, o calor não abrandando e ele não vinha. A espera aumentava ainda mais a ansiedade e a expectativa. De repente, não mais que de repente, um clarão cruzou o céu e um foguete iluminou o céu avisando que sua comitiva estava por vir.

No alto dos meus 34 anos lembrei-me que só vi esta cena quando criança; minha colega ao lado com seus 24 anos disse que nunca tinha visto. Uma ausência de mais de 20 anos pelas ruas da cidade. Esta constatação era a justificativa de todas as pessoas ali na rua, acompanhadas de sua excitação e euforia.

Quando ele passou em parada pela avenida principal, com seus ajudantes à frente e a Banda Marcial atrás, todas aquelas “gentes”, de idades e tamanhos distintos, tornaram-se, invariavelmente crianças, e a única coisa que importava naquele momento, era saudar o Papai Noel.

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- Por que ele está tão magro?
- É porque ele passou mal e emagreceu.
- Passou mal de quê?
- Passou mal na viagem.
- Ah! Por quê?
- Porque é muito longe lá de onde ele veio, aí ele passou mal.
- Ele veio de ônibus, lá de onde ele veio?
- Não, ele veio de carro, mas passou mal assim mesmo.
- Ah! Mas por que ele não veio de trenó então?
- Porque a viagem era muito longa e as renas cansam.
- Uai, então como é que elas viajam o mundo inteiro no Natal?
(haja imaginação para ter todas as respostas para uma criança de 05 anos)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A BELEZA DAS PALAVRAS


As tramas que comandam o pensamento são fantásticas. Felizes daqueles que conseguem transformá-las em palavras, escritas ou faladas.

Terminei de ler (degustar acho que é mais preciso) um belíssimo livro de José Saramago hoje. Na verdade, gastei menos de 24 horas para dar cabo às 312 páginas de muita loucura, de fato e fictícia, real e imaginária, absoluta e eloqüente.

Escrevo porque gosto, porque acho interessante organizar as palavras escritas em frases, períodos, textos, histórias, crônicas e contos. Escrevo porque acredito que as histórias que povoam a nossa mente necessitam ganhar vida, mesmo que num Blog, mesmo que num rascunho que ninguém um dia verá, mas devem sair do obscuro das mentes, onde apenas o seu próprio autor tomam conhecimento de todas as suas tramas e artimanhas.

Entretanto, por mais que me esforce em colocar no papel (tela) aquilo que advém a minha mente, ainda não consigo dar vida às palavras com tanta “propriedade” quanto estes belíssimos que tanto admiro pela sua capacidade imaginativa e, por que não, descritiva destes doces delírios da mente.

Só espero um dia poder chegar lá...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ADVERTÊNCIA DO CÉU


Há algum tempo não consigo escrever sobre coisas amenas, divertidas. Não tenho rido, tão pouco feito rir. Andei ensaiando alguns textos mais leves, relaxados, cômicos até, mas eles não saiam do ensaio, do rascunho, de um documento iniciado, não acabado, salvo na pasta do meu blog.

Neste fim de semana, passei por uma experiência que imaginei só existir ‘lá fora’, só vi acontecer com os outros, só tomava ciência pelos meios de comunicação. Aqueles que acompanham este espaço com certa regularidade, puderam ver as fotos da minha cidade tão querida, completamente debaixo d’água.

Foi uma sexta-feira comum, como as demais. A semana havia sido quente e começou a chover por volta de 20h. Choveu a noite toda, aliás. Uma chuva ininterrupta, de grande volume, em todo o Município, sobretudo na cabeceira do Rio Guandu e de seus afluentes.

No sábado, por volta do meio dia o primeiro alerta: o Distrito de Fazenda Guandu estava debaixo d’água, literalmente, e a enchente se encaminhava para Afonso Cláudio. Só que o alerta foi mais lento que a violência das águas, que a força da natureza, que a correnteza que se formou em toda a extensão da cidade. Enquanto pensava-se em salvar móveis ou eletrodomésticos, a água subia copiosamente sem tréguas.

As fotos falam por si, e muito mais ainda. Amigas que dividem o mesmo ambiente de trabalho que eu perderam tudo, de móveis e utensílios a roupas e objetos pessoais. Mas houve quem perdeu mais: uma família perdeu um ente querido, outras tantas perderam a casa toda, que veio a baixo como num passe de mágica.


O que se via pelas ruas eram pessoas estupefatas, horrorizadas com a violência das águas, abismadas por não poderem fazer nada pelos amigos e parentes que estavam nos locais da cidade que ficaram completamente ilhados. Os telefones não funcionavam, a luz precisou ser cortada em alguns bairros, o abastecimento de água foi cortado em toda cidade (ironia) e a chuva não parava de cair.

Os prejuízos materiais ainda estão sendo calculados. Há aqueles que não conseguirão chegar a um denominador comum, tendo em vista a imensidão de suas perdas.

Entretanto, em meio a tanta água, lama e destroços, a população de Afonso Cláudio se mostrou solidária no alvorecer do domingo. Nas ruas, além do caos e do barro, viam-se pessoas solidárias ajudando-se mutuamente a lavar as casas, separar o que ainda poderia ser aproveitado, dando abrigo e alimento para os que não tinham para onde ir, ou mesmo com um abraço fraterno e uma palavra de alento.

De tudo isso, me restou a certeza de minha pequenez diante do mundo, diante da vida e, sobretudo, diante de Deus. Mostrou-me também que Deus não dormita, que Ele está nos observando em todos os momentos, em todos os sentidos, em todas as circunstâncias, e não tarda a se mostrar para nós.

Enquanto isso, procurarei olhar mais para os lados e para mim mesma ao mesmo tempo, de modo que perceba o que tenho, valorize isso e aprenda a dividir com meu semelhante não só o pão de cada dia, mas também a disposição, a dignidade, o amor, a compreensão e a felicidade.

domingo, 6 de dezembro de 2009

SITUAÇÃO CALAMITOSA EM AFONSO CLAUDIO - PARTE IV (Boa Fé)




SITUAÇÃO CALAMITOSA EM AFONSO CLAUDIO - PARTE III (Novas fotos)


Ponte de acesso ao Bairro Campo 21


Avenida Roberto Holunder, Bairro Campo 20


Avenida Roberto Holunder, Bairro Campo 20


Parte baixa da Clínica São Sebastião


Restaurante Ana


Restaurante Ana


Veículo arrastado pelas águas da enchente


Força da correnteza


Praça Aderbal Galvão


Rua Francisco Lessa


Prefeitura Municipal ilhada


Centro da cidade visto do Centro Cultural


Ponte dos estudantes

SITUAÇÃO CALAMITOSA EM AFONSO CLAUDIO - PARTE II (Novas fotos)


Rio Guandu em frente ao Posto do Totote

Avenida Presidente VArgas na próximo à Prefeitura Municipal

Avenida que dá acesso ao centro da cidade ao Bairro Campo 20

sábado, 5 de dezembro de 2009

SITUAÇÃO CALAMITOSA EM AFONSO CLAUDIO


Peço licença para informar aos meus leitores a situação calamitosa pela qual minha cidade está passando no dia de hoje. Com chuvas intesas há mais de 20 horas initerruptas o nível do Rio Guandu subiu mais de 6 metros e inundou inumeras casas, deixando diversos bairro ilhados, bem como o centro da cidade onde só se tem acesso à pé com água pela cintura ou de carros maiores como caminhões.



Um dos bairros mais atingidos pelas águas da enchente é o Bairro Boa Fé, por estar numa localidade mais próxima ao nível do rio, a grande maioria das casas do bairro foram atingidas e o nível da água subiu muito rápido, de modo que as pessoas não puderam salvar os seus pertences.





Os estudantes que realizavam a Prova do Enen ficaram ilhados nas Escolas Municipal José Cupertino e Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Afonso Cláudio, pois as mesmas estão localizadas na margem esquerda do Rio Guandu, região esta mais atingida pelas enchentes.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CACOS DE MIM


Com muita tranquilidade sentei-me a sua frente, esperando que começasse a falar tudo o que há tempos vinha ensaiando para me dizer. Entretanto, com surpresa, percebi que ele também me observava, talvez na esperança de que algo acontecesse para que aquela conversa, há tanto prometida, fosse novamente adiada.

Sem mover um músculo sequer (eu imóvel), fui analisando seu rosto, seus cabelos, seus lábios, seus olhos (ora verdes, ora castanhos, dependendo do astral do dia). No canto superior dos seus lábios alguns vincos davam sinal de que o tempo estava passando, bem como os fios brancos salpicando seus cabelos castanhos, sempre bem penteados e organizados para trás.

Em alguns momentos desta análise, meus olhos cruzavam-se com os seus e eu podia perceber que o nervosismo estava presente em ambos, o que segurava as palavras ainda na garganta, sem forças suficientes para saírem pela boca e ganharem formas (muitas vezes não tão agradáveis aos ouvidos e, principalmente ao coração).

Com certa relutância elas, as palavras, começaram a organizar-se, ainda do lado de dentro do ser, e iniciaram seu desfile. No início eram algumas de desculpas, seguidas de outras de desapontamento, umas poucas de carinho, outras tantas de decepção... e assim elas foram perfilando-se a minha frente, numa profusão de frases que se misturavam com gestos e feições.

Eu, ainda sentada defronte, apenas ouvia e analisava aquela cena, como que por um passe de mágica, estivesse posta do lado de fora de uma tela de cinema, apenas assistindo a um filme. Como boa espectadora, esperava ansiosa pelo “The End”, porém a cada nova palavra proferida, mais distante ele ficava, ou melhor, mais se delineava um final trágico daqueles filmes que só passam no final da madrugada de domingo.

Quando pareceu que ele havia terminado seu discurso infundado a respeito de uma breve história a dois, recolhi os cacos que restaram de mim mesma: uns jogados ao chão, outros ainda em meu colo aguardando o momento de também despencarem...

Lentamente fui levantando-me, mas fui interrompida por uma súbita necessidade, do outro, de dizer o que eu pensava daquilo tudo. O que pensava? Impossível relacionar em palavras. Pelo menos naquele instante. Recolhi-me (eu e meus cacos). Levantei-me. Dirigi-me à porta e caminhei. Caminhei até onde minhas pernas aguentaram a pressão do meu corpo, o peso da minha angústia, a força das incertezas. Caminhei até não poder mais e ter que parar, sentar, reorganizar-me, descobrir o que achava daquilo tudo, colar os cacos que restaram de mim.

Posso dizer que ainda não sei o que acho, não sei se algum dia descobrirei. Só posso dizer que, ao sentar-me, ao refletir colando meus próprios cacos, descobri que preciso de alguém que me ajude nesta tarefa, de catar e colar os cacos que eventualmente quebram-se e caem pela longa jornada da vida.

Percebi que não quero apenas ser o esteio, quero ter quem me sirva de apoio também, nos momentos mais diversos (e, se possível em todos). Cheguei à conclusão que ser forte e resolver todos os problemas (meus e dos outros), é muito bonito, mas também muito doloroso, de modo que dividir estes com outro (os meus com ele, não só os dele comigo), deve ser muito bom também. E colar cacos de si com apoio alheio deve ser mais divertido que apenas sozinha, sentada à beira do caminho.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UM PIT BUL QUE SORRI


Acredito que todas as pessoas têm uma história para contar sobre animais. Os que não gostam, com certeza terão histórias bem elaboradas que justifiquem o fato, e os que gostam, histórias de carinho, divertidas tardes de verão, corridas por campos e praças, animais escondidos debaixo das cobertas, planos de fugas com o companheiro mais fiel, buscas desenfreadas por aquele que sumiu, etc.

Se for detalhar tenho muitas histórias para contar sobre meus animais de estimação, pois já tive diversos: cães, gatos, peixes, porquinho da índia, coelho e até um periquito (coisa que abomino, pois acho que os animais devem ser criados livremente com direito de ir e vir).

Meu primeiro animal de estimação foi uma cadelinha “pequenês” (nem sei se essa raça existe, mas minha mãe falava que era, então era! Quem sou eu para discutir...). A pequena Lessie, foi lá para casa quando eu ainda nem tinha nascido, de sorte que ela era oficialmente do meu irmão, mas a responsável por cuidar, alimentar e correr atrás, quando ela fugia era eu, então, de fato, era minha.

Tínhamos uma relação de amor eu e a Lessie. Ela dormia no meu quarto, debaixo da cama, comia tudo que eu comia, brincava comigo de casinha, passeava comigo pelas ruas. Era minha confidente, etc, etc, etc. Mas, sempre que minha mãe caia de cama, parece que ela percebia algo de estranho no ar e não saia debaixo do criado mudo da cama dela, até que melhorasse e se pusesse de pé novamente.

Lessie morreu quando eu tinha 15 anos, de modo que ela deveria ter cerca de 16 anos. Bem velhinha para um cão (não seria cadela?). Morreu cega, quase sem nenhum dente e sem muitas forças para caminhar. Foi enterrada nos fundos da nossa casa. Não quis ver. Meu pai fez todo o serviço. Como foi verão, meu irmão estava viajando e quando chegou e recebeu a notícia, deitou-se na minha cama e chorou até dormir, como se tivesse 10 anos de idade, mas na verdade ele tinha 25.

De lá para cá, foram Rogers, Belinhas, Luízas, Missins, “Miojos”, Leões, Morfeus, Lilis, Tom Jobim (o periquito que não durou nem um mês, porque precisei viajar e deixei-o com uma vizinha e ela o deixou fugir), etc.

Atualmente estou me aventurando por um campo mais tenso de animais de estimação, me dei o privilégio de criar um pit bul. Tenho em mim a opinião de que o que faz o animal é seu dono, ou seja, a forma que ele é criado. Não quero aqui tirar a responsabilidade do próprio cão, ou dizer que o meu é dócil e jamais me causará problemas, mas quero dizer que o crio com carinho, disciplina, converso com ele, ou como diz um amigo: “você cria ele como se fosse um poodle”. Sim! Com todo amor dispensado a um pequeno cão.

O Hulligan é um doce, um amor de cachorro e, de todos que já tive, é o mais obediente. Com ele só preciso dizer uma vez que ele logo obedece. O maior problema do Hulligan é que ele parece que nunca vai se tornar adulto, vive aprontando das suas, comendo chinelos, roupas que ficam perdidas na área de serviço e minhas plantas... Como o Hulligan adora comer minhas plantas! Come até o talo, e ainda desenterra a raiz e come mais um pouquinho, isso quando não cava o vaso e joga a terra toda no chão da varanda e da área.

Mas o amo assim mesmo! Ontem fomos caminhar no Empoçado. Ele entrou no carro todo faceiro. Aquele cachorrão enorme, pesando uns 30 kg, no banco detrás. Quando chegamos, ele sabia direitinho para onde tinha que ir, e acompanhou-me no percurso todo sorrindo. Você não acredita? Pois pode acreditar, o Hulligan sorri, e esta é uma das características que mais gosto dele, um Pit Bul caramelo, de olhos azuis e nariz vermelho que sorri para mim!

Caminhamos e corremos por 6 km de uma forma divertida e encantadora, uma hora a mais de vida que ganho no meu caderninho, por curtir um momento tão especial com um animal que alguns abominam, mas que eu continuo afirmando que é um doce, um bebê de 30 kg.

Um dia uma pessoa me disse que quem tem “jeito” com animais tem bom coração. Devo então ter bom coração, porque amo estes meus bichinhos de estimação e dou o meu melhor para eles, com eles sou eu mesma (como diz meu anjo), sem a necessidade de fantasias ou “cara de paisagem”, porque eles também me amam como realmente sou.

sábado, 21 de novembro de 2009

COMPRAM-SE IDEIAS


Temos o hábito, muitas vezes, de comprar ideias. E fazemos isso sem ao menos perguntarmos o preço que será cobrado por esta ideia. Eu, pelo menos sou assim, adoro ideias inusitadas, diferentes, “belas ideias” que geralmente saem muito caro.

Há algum tempo, por ocasião do aniversário de uma amiga, numa época em que as belas ideias estavam parcas na minha mente, na vontade de presentear de forma diferenciada esta minha amiga, comprei a ideia de uma outra amiga em comum, mais uma vez, sequer me dando conta do preço, da trabalheira, de fazer valer aquela belíssima ideia.

Busquei entre os demais amigos alguns colaboradores para encontrar o presente especial sugerido e colocar em prática a ideia recém comprada, mas, ou eles não estavam tão entusiasmados quanto eu ou, simplesmente, a autora da ideia e a compradora da mesma é que estariam predestinadas a realizar todo o processo de aquisição daquele presente especial.

Nesta busca desenfreada, duas semanas se passaram até a véspera do aniversário. Era então o dia derradeiro, ou encontrávamos o presente ou daríamos qualquer outro (o que nos parecia impraticável!).

Fomos a todos os pontos possíveis naquela tarde, ligamos para diversas pessoas, fizemos inúmeros contatos, até que descobrimos que o presente especial, aquele da ideia comprada, estaria numa cidade vizinha, há cerca de 100 Km de mim.

E lá fomos nós: eu (compradora de ideias) e minha amiga (vendedora de ideias). Sexta-feira, 4h da tarde, chuva, estrada repleta de carros... até que chegamos.

Quando vimos o presente especial foi amor à primeira vista, era exatamente aquilo que imaginávamos e procurávamos há duas semanas, a imagem perfeita da ideia comprada às escuras.

A quatro mãos, o presente foi colocado com todo cuidado no carro (ainda debaixo de chuva), e transportado com toda amabilidade num colo macio e carinhoso, como se fosse um bebê que acabara de nascer.

Como havíamos passado a tarde toda nesta jornada, aproveitamos para tomar um suco e comer um bolinho de bacalhau (que de tão quente queimou minha boca) numa lanchonete ali pertinho. Aproveitaríamos também para colocar o papo em dia se o dono da lanchonete tivesse deixado, porque o moço ficou o tempo todo ao nosso lado no balcão falando desenfreadamente do tempo, da receita do bolinho, da escolha do ponto para a lanchonete e de tudo mais que viesse à sua ideia.

No domingo, quando fomos almoçar com nossa amiga aniversariante e vimos seus olhinhos brilharem, quando recebeu de nossas mãos aquela linda arvorezinha, que alguns chamam de bonsai, percebi que valeu cada centavo pago pela louca e bela ideia que havia comprado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UM AMOR PRA VIDA TODA NA PALMA DA MÃO

Tenho uma amiga que, lá pelo 23º ou 24º copo de cerveja, costuma ler mãos.

Não é nada combinado, ou uma entidade que “desce” aproveitando o alto teor de álcool. Na verdade, é mais uma brincadeira do que algo em que se possa confiar ou escrever.

Numa dessas nossas tardes de domingo, onde garrafas de cerveja vazias se amontoavam num canto da área, nós estávamos sentadas no chão fresquinho, numa espécie de círculo mal arrumado, onde começamos mais uma brincadeira de “ler mão”.

Iniciando por mim, ela soltou um “nossa!”, olhou bem no fundo dos meus olhos, deu sua risadinha característica e partiu para uma outra mão (talvez menos complicada) e desfilou uma infinidade de acontecimentos, inclusive um filho, sonho mais latente para a dona daquela mão.

Estendi minha mão novamente, ela tornou a olhar, deu uma palmadinha sobre ela, mais uma risadinha, fitou o negro dos meus olhos como antes e direcionou-se para ler a mão da dona da casa. Nada de grandes acontecimentos ou surpresas nessa mão, apenas fatos corriqueiros, rotineiros, de uma vidinha cotidiana e “normal”.

Sem mais para onde fugir, ela enfim tomou minha mão e liberou a exclamação que prendera na última hora: “nunca peguei uma mão tão intensa como essa!”. Disse, entre risos, que todas as fases da minha vida foram muito intensas: infância, adolescência, juventude, fase adulta; todas cheias de acontecimentos fortes e marcantes que me transformaram na pessoa que sou hoje.

Não consegui ver o bem ou o mal nessa exclamação e comentários, de modo que continuamos nossa brincadeira. Fiz algumas perguntas: se teria mais filhos e ela disse que não, mas teria dois netos. Perguntei, então, se viveria muito tempo e ela disse que eu morreria bem velhinha. E, a pergunta que todos fazem nestas ocasiões: “e o amor?”

Entre uma risadinha e mais um gole no seu copo de cerveja, ela me disse que, em breve, eu encontraria um “amor pra vida toda”, e que, a princípio, seria para mim proibido, mas que se eu insistisse, me faria muito feliz.

Rimos muito, esvaziamos mais algumas garrafas de cerveja, falamos mais um monte de besteiras e voltamos para nossas casas.

Desse acontecimento para cá, “o amor pra vida toda” não saiu mais da minha cabeça, sobretudo na sua associação à felicidade. Não que eu não acredite na minha amiga que lê mãos, a verdade é que tenho relutância em acreditar no amor mesmo, e quando esse vem de mãos dadas com a felicidade, ai, ai...

Bom, se o tempo é mesmo mestre em tudo, vamos aguardá-lo e ver se esta “brincadeira de ler mão” tem algum fundamento.

P.S. Neste dia, a minha amiga quiromancista disse que um dos presentes perderia um campeonato de basquete e, na semana seguinte o fato se confirmou... Êpa...



domingo, 8 de novembro de 2009

FESTA DE EXPOSIÇÃO E CHUVA



O Espírito Santo vem sofrendo há vários dias com as chuvas constantes em todo o seu território. Com isso foram diversos os eventos culturais, sociais e demais, cancelados devido a grande quantidade de água, barro, falta de infraestrutura, visão, etc e etc.

Afonso Cláudio também teve um evento no meio dessa chuvarada, mas, como o povo daqui é tinhoso, este não foi cancelado. A XXV Exposição Agropecuária de Afonso Cláudio foi, no mínimo, excêntrica, tamanha foi a quantidade de água, o barro e a indumentária que o povo arrumou para fazer parte da festa, curtir, sem se espatifar por aquele chão liso e melequento.

Não sei quem deu o “pontapé” inicial, ou quem teve a brilhante ideia primeiro, só sei que foi tipo efeito dominó, um iniciou e o resto da galera foi atrás. Sei também que se eu falar ninguém vai acreditar, mas quando minha vizinha me disse que o Parque de Exposições estava igual vargem que a gente prepara para plantar arroz eu, deitadinha na minha cama, louca para ver Teodoro e Sampaio cantando o “Pitoco”, bem que tive a ideia, mas ficou só na ideia.

Entretanto, na sexta-feira, dia de abertura oficial da festa, quando fui à loja de defensivos agrícolas do “Edjás” comprar a ração mensal do Hulligan e vi aquela galera revirando a loja, eu lembrei-me de meu inocente pensamento da noite anterior e voltei a me animar, entrei na dança e comprei outras coisitas além da ração do meu pit-bul.

Resumindo: o povo Afonsoclaudense é, além de excêntrico, criativo e muito animado, pois curtiu a festa em toda a sua plenitude, ouviu Teodoro e Sampaio, Zé Henrique e Gabriel, Ataíde e Alexandre e muitos outros shows de capa de chuva e BOTA SETE LEGUAS. E olha que quem não foi calçado com as suas (por vergonha ou porque não achou mais para comprar mesmo) se arrependeu, porque além de estragar saltos e solados de sapatos convencionais, não pode ter acesso a todos os espaços alagados do parque e deslizou como em um chão ensaboado.

sábado, 31 de outubro de 2009

HISTÓRIA DE UM BOM HOMEM


Há algum tempo, existiu sobre a terra um homem muito bom, justo e que conversava com as plantas. Este bom homem vagueava pelas florestas observando o verde, os frondosos troncos das árvores, os pássaros que cantavam em seus galhos e maravilhava-se com tudo aquilo.

Sentia-se bem, em paz e realizado entre as árvores. Ele lhes fazia companhia e elas lhe davam amor, atenção e compreensão em todas as suas dúvidas, recorrentes de sua jornada sobre a terra.

Entretanto, houve um dia em que alguém disse a este bom homem que ele poderia ganhar muito dinheiro, juntar uma grande riqueza e conquistar o mundo se derrubasse e vendesse aquelas árvores.

Por algum tempo o bom homem titubeou, haja vista que amava aquelas plantas e elas o tinham em grande estima. Mas aquele alguém disse que seria apenas por um tempo, que ele não destruiria todas as árvores e que no final sempre restariam outras árvores para ele conversar, receber e dar atenção e carinho e que conhecer o mundo valeria à pena.

Entusiasmado pela possibilidade de conhecer o mundo, o bom homem iniciou sua jornada sem perceber que estava magoando aquelas que mais amava e, em contrapartida, que mais o amavam em toda a sua vida.

Durante dias, semanas, meses e anos o bom homem trabalhou naquelas matas derrubando as árvores mais frondosas. Sua ânsia em conhecer o mundo era tanta que ele sequer ouvia o clamor de suas amadas amigas que lhe chamavam a atenção para o despautério que cometia contra elas. Quanto mais elas chamavam sua atenção, mostravam-lhe seus erros, mais e mais ele usava o seu machado para machucá-las e derrubá-las ao chão, visando apenas o objetivo final de conhecer o mundo.

Então, finalmente chegou o dia em que o bom homem conheceria o mundo. Juntou seus pertences e partiu em direção à sua jornada. Percorreu ruas, monumentos, construções erguidas pelos homens e montanhas, mares e vales, construções estas feitas por Deus. Tudo lhe era maravilhoso e enchiam seus olhos, mas parecia faltar algo que ele, em seu afã de conhecer o mundo, não conseguia identificar o que era.

Quando entrou num imenso jardim que fazia parte do mundo, o bom homem encantou-se com as belíssimas as árvores que ali encontravam-se. Tentou conversar com elas, mas elas pareciam não falar a mesma língua que ele e ele não as compreendia, tão pouco elas conseguiam expressar-se para ele e mostrar-lhe qualquer resquício de amor ou mesmo carinho.

Um aperto profundo tomou conta do coração do bom homem e ele compreendeu imediatamente o que faltava em sua jornada. Num impulso único, reuniu novamente os parcos pertences que lhe sobraram de sua jornada e retornou à sua floresta. Quão grande foi sua surpresa quando percebeu que esta já não mais existia. Em seu lugar jazia um imenso deserto com tocos, restos mortais daquelas que eram seu único e verdadeiro amor. Seu lar já não mais existia.

O silêncio que tomava conta daquele lugar era incomensurável e tão dolorido que o coração do bom homem chorou lágrimas de sangue.

Por um instante, ou vários, ele tentou restaurar o que havia perdido. Mas foi em vão. Não tinha como repor as belíssimas árvores que havia destruído. Suas amigas, amadas, amantes. Restava-lhe apenas reconstruir a floresta, replantando todas elas, cultivando-as com amor, carinho e dedicação, mas ele não sabia se ainda tinha forças para essa empreitada.

Perdido, desolado e sozinho, retornou ao mundo e pôs-se a vagar por entre aqueles lugares tão desejados anteriormente, na esperança de que pudesse encontrar um só amor que substituísse aqueles tantos perdidos com sua ignorância. Entretanto, quanto mais vagava, mais sozinho se sentia e ainda mais arrependido de não ter ouvido a voz dos seus amores enquanto ainda havia tempo.

sábado, 24 de outubro de 2009

BANCO DE RESERVAS

O que fazer quando não se tem o que fazer? Não sei dizer...

Essa vida corrida, cheia de idas e vindas, de encontros e desencontros, meio que deixa-me perdida quando prepara a surpresa de me deixar no banco de reservas, à espera de algo acontecer.

Esperar. É o que se deve fazer sentada no banco de reservas. Esperar e ver o jogo rolando lá no campo. Correria do restante do time. Gritos estridentes do treinador que teima em querer ser ouvido, e atendido, nesta loucura que é o jogo da vida. Olhar o juiz correndo de um lado para o outro carregando, além do apito e dos cartões, a ilusão de que manda alguma coisa naquele campo.

Por um instante viajo em meus pensamentos e imagino como seria entrar neste jogo agora mesmo, o que faria para mudar o placar? Teria fôlego para acompanhar os demais jogadores? Colocaria a mão, ou o pé, na bola? Sentiria-me perdida, ou ajudaria a organizar a bagunça que impera no cotidiano deste jogo?

Meu olhar se encontra, por um mero instante, com o do treinador, cujos olhos brilhavam num azul profundo e incógnito. O que será que se passou por sua mente neste instante? Será que ele pensa em me colocar nesta partida, ou ainda ficarei de molho mais um tempo? Será que ele sente pena de mim por eu ter que ficar ali, sentada no banco, esperando a minha hora de entrar em campo, ou acha meu descanso neste momento necessário para recarregar as baterias, definir prioridades e refletir sobre mim mesma?

Ele desvia o seu olhar do meu rapidamente, como que prevendo meus questionamentos e querendo guardar só pra si o que o aflige e que me deixa ainda mais incomodada em esperar sentada no banco de reservas da vida.