Vira
e mexe os grupos formados no ônibus resolvem ir a uma pizzaria, ou lanchonete
comer alguma coisa antes de voltar para casa. Dia desses, um dos grupos
resolveu lanchar minutos antes do ônibus chegar com o restante dos alunos. O
que aconteceu foi uma divisão de águas, ou melhor, grupos, um foi para a
lanchonete encher o “pandu” e outro ficou emburrado esperando no ônibus.
Depois
de longos minutos de espera, os que lancharam entraram no ônibus eufóricos, de
barriga cheia e totalmente animados; depararam-se com o grupo enfezado, de
barriga vazia e mal humorado. Uns fizeram não ver os outros e, como bom
motorista, liguei o ônibus o mais rápido possível e parti.
Quando
a gente viaja com crianças, ao ligarmos o ônibus, levantamos lá na frente e perguntamos
ao grupão: “Seu coleguinha do lado está aí? Está faltando alguém?” Há até
aqueles que contam cabeça por cabeça para conferir se estão todos dentro do
ônibus antes de partir. Eu não estou viajando com crianças, são todos maiores
de idade, são todos adultos, simplesmente liguei o ônibus e parti.
Já
havíamos andado bom pedaço da estrada quando alguém gritou: “Cadê Fulano?
Fulano ficou para trás!” Eu cheguei sentir um frio na espinha, havia largado um
aluno na lanchonete? Ligou um, ligou outro, até que confirmaram que o Fulano
havia realmente ficado esquecido na lanchonete.
Com
muita dificuldade encontrei um contorno e voltei. Encontrei o Fulano totalmente
desorientado no meio da rua perto da lanchonete, já imaginando como chegaria em
casa, se chegaria, o que faria...
Quando
ele entrou no ônibus foi uma algazarra, não houve quem não zuasse o Fulano:
“Como perdeu o ônibus? Onde se enfiou? Virou criança pra se perder?”
Andamos
novamente o pedaço anteriormente percorrido e outro grito vindo lá de trás: “Minha
mochila, esqueci minha mochila!” Só poderia ser brincadeira, alguém estava
tirando uma comigo, não seria possível que no mesmo dia em que perdi um aluno,
alguém perdera a mochila e eu teria que voltar novamente. Mas não era
brincadeira, depois de procurar com todos os possíveis brincalhões que poderia
ter escondido a tal mochila, chega outro aluno ao meu lado e pede para voltar
porque sua mochila havia ficado na lanchonete.
Não
preciso descrever minha cara ou o sentimento que tomou conta de mim porque dá
para imaginar, voltar duas vezes, do mesmo ponto da estrada, depois de esperar
quase uma hora o grupo lanchar, mais que atrasado, mais que cansado, mais que
querendo minha cama... voltei, pegamos a mochila que já havia sido guardada
pelo cara da lanchonete e tomamos caminho novamente!
Quando
chegávamos perto do contorno que eu já havia feito por duas vezes aquela noite,
parei o ônibus e gritei para o fundo do ônibus: “Alguém mais ficou para trás ou
esqueceu alguma coisa na lanchonete? Porque se eu passar deste ponto, nem se o
Presidente ligar eu volto!”