terça-feira, 31 de agosto de 2010

AGORA POSSO COMPRAR UM SOFÁ

Ano passado, quando eu ainda passava mais tempo dentro da minha casa que fora dela, eu cogitei a possibilidade de comprar um sofá. Não um sofazinho qualquer não, mas daqueles sofás maravilhosos que quando você deita neles eles te abraçam, aqueles sofás que só tem na casa de gente chique ou nas novelas.
Quando acenei com essa possibilidade, minha filha, muito sutilmente disse-me assim: “Mãe, você precisa decidir entre cachorro e sofá. Os dois juntos não dá para ter.”

Meio a contra gosto concordei com ela. Não é que o Hulligan tenha acesso irrestrito dentro de casa, mas por ser um cão bastante folgado e que por vezes se julga um poodle toy ele bem que dá suas voltinhas pela sala e esbarra uma vez ou outra no sofá.
Optei pelo Hulligan. Optei pela sua grandeza desajeitada, sua fome incontrolável, suas lambidas nas minhas mãos, seus lindos olhos azuis (ou verdes, dependendo da luz), seu amor incondicional, sua presença constante, sua segurança e até mesmo sua destruição (foram inúmeros pares de sapatos, tapetes, blusas, almofadas, vasilhas de comida, redes, edredons, plantas, etc.).

Entretanto, agora posso comprar um sofá. Devido à incompreensão de algumas pessoas o Hulligan teve que ir passar um tempo na roça (um longo tempo). Disseram-me que ele está muito feliz lá: livre, leve e solto. Eu sei disso, sempre soube que ele seria mais feliz lá, na verdade ele nasceu para viver lá. Mas eu não contava que me apaixonaria por ele e que doeria tanto assim ver sua partida.

É, agora posso comprar um sofá. Mas não quero mais um sofá, continuo preferindo o cachorro.

DIA 12 - UMA FOTO MINHA DE CRIANÇA

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

DIA 8 - UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL


Tive muitos problemas respiratórios na infância e lembro-me como se tivesse sido ontem ele e minha mãe voltando da farmácia, onde foram comprar uma das levas dos meus remédios, ele rindo no pé da escada ao dizer que eu teria que tomar injeção. Ele ria, juro para vocês. Ria da minha desgraça.

Como era bem pequenina, não sabia muito bem o que era injeção, mas a risada sarcástica do meu irmão levantou-me a suspeita de que não seria nada agradável.

Para ir à farmácia tive que ser levada pelo papai (e o meu irmão atrás, saltitando e rindo). A dor da injeção, com toda certeza foi bem maior devido às tenebrosas expectativas e, na medida em que o tempo foi passando, tive que acostumar-me com as agulhadas, porque o tratamento contra a alergia durou muitos anos.
 

Não fiquei curada da alergia. O meu irmão não ri mais sarcasticamente dos meus infortúnios. Mas jamais esqueci as temíveis injeções e hoje, quando preciso ser furada por aquela agulha seguida de uma seringa, alguém precisa ir junto comigo. Não precisa segurar minha mão, basta apenas ficar do meu lado e, por favor, não ria, principalmente se for sarcástico.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DIA 7 - BORDÃO QUE NAO SAI DA MINHA BOCA


Duas amigas assistiram a uma palestra motivacional outro dia e chegaram me “zuando”. De acordo com elas, dentre as diversas coisas interessantes que a psicóloga havia dito, uma fez com que elas lembrassem de mim. Ela afirmou que, de acordo com suas observações dos indivíduos, existem dois tipos muito peculiares de pessoas: aquelas que vivem correndo atrás do rabo e nunca saem do lugar (nhom-nhom-nhom) e aquelas que acreditam que o universo inteiro conspira contra elas.


É claro que na cabeça das minhas duas amigas eu me encaixo no segundo grupo. Quando me contaram eu ri junto com elas. Cheguei até mesmo a me policiar em determinadas situações e comentários a respeito. Fui ao ponto de fazer uma análise mental dos fatos passados onde afirmava que “certas coisas só acontecem comigo” e estive a beira de concluir que isso tudo não passava de exagero da minha parte, que “essas coisas” acontecem também com outras pessoas e até bem mais que comigo.

Estive prestes a concluir, porque não cheguei de fato a concordar que o Universo ,afinal de contas, NÃO conspira contra mim. Não dá, não consigo sistematizar, não dou conta de aferir tudo e deixar passar. Certas coisas não se explicam, não tem fundamento, porque, na verdade, na verdade “CERTAS COISAS SÓ ACONTECEM COMIGO!”

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DIA 06 - CITAÇÃO DE ALGUÉM


“Tudo que era guardado a chave permanecia novo mais tempo. Mas meu propósito não era conservar o novo e sim renovar o velho.”
(Walter Benjamim)

“Quando alguém resolve não pagar mais o altíssimo tributo da acomodação, mas construir e viver sua história, está pela primeira vez para si mesmo dizendo sim.”
(Lya Luft)

“Esqueça o medo. Porque se temos o poder de senti-lo, temos o poder de esquecê-lo.”
(João Acaiado)

“Nem tudo o que é importante é prioritário e nem tudo o que é necessário é indispensável.”
(D. Lauriano)

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos.”
(Isaías, 55.8)

“Somos melhores do que pensamos ser. Só não nos contaram essa história direito.”
(Lya Luft)

“És precária e veloz felicidade. Custas a vir e quando vens não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, e para te medir se inventaram as horas.”
(Cecília Meirelles)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DIA 4 - POEMA QUE ADORO

Pessoas


Adelma Lúcia
 
Pessoas que conhecemos
são presentes que ganhamos.
Por tudo o que,
nesse relacionamento,
descobrimos:
de nós, do outro.
do ‘outro-nós’
(que, de tão camuflado,
raras vezes é demonstrado).

Pessoas que conhecemos
são presentes que ganhamos.
Por tudo o que,
nessa troca,
saímos ganhando:
de afeição, de cuidado,
de amizade, de compreensão.
Por tudo o que,
nesse conviver,
crescemos:
no intelecto, no saber,
na difícil arte de viver.
Até o que nos faz sofrer
também nos faz crescer:
descobrimos o tipo de pessoa
que não queremos ser.

Pessoas que conhecemos
são presentes que ganhamos
de forma inesperada,
como generosa surpresa,
do dom maior que é viver.

Pessoas que nos fazem melhores,
nos fazem felizes,
nos realizam,
nos abençoam com delicadezas
como o sorrir, o abraçar,
o estar junto, o cuidar.

Pessoas são presentes de Deus,
que enchem de sentido,
sabor, doce aroma
e linda melodia
a vida nossa de cada dia...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DIA 4 - UMA CRÔNICA QUE SEMPRE RELEIO

AMOR SÓ DE LETRAS
Mário Prata

Conta a história que Dom Pedro II casou-se sem conhecer a sua noiva.

Tinha visto um quadro com a cara da princesa. Casamento de interesses políticos lá dos portugueses, fazer o que? E quando a moça chegou no porto do Rio de Janeiro - consta que ele fez uma cara emocionada. Pela feiúra da imperial donzela. Mas casou, era o destino, era a desdita.

Tenho um avô que foi pedir mão da moça e o pai dela disse: - Essa tá muitonovinha. Leva aquela. E ele levou aquela que viria a ser a minha avó. Ah, a outra morreu solteirona.

Quando aconteceu o grande boom da imigração japonesa, alguns anos depois, familiares que lá ficaram mandavam noivas para os que cá aportaram. Tudo no escuro. E de olhinhos fechados, ainda por cima.

De uns tempo para cá, o conceito da escolha foi mudando. Até ir para a cama antes, valia. Ficava-se antes.

Só que agora, finzinho do finzinho do século, surgiu um outro tipo de casamento. O casamento de letras. Letras de textos. O texto - finalmente, digo eu, escritor - virou casamenteiro. Apaixona-se, hoje em dia, pelo texto. Via internet. Via cabo, literalmente.

Conheço quatro casos bem próximos. Gente que desmanchou o casamento de carne e osso por uma aventura no mundo das letras.

Claro que estou me referindo aos encontros via Internet. Começa no chat, com o texto. Gostou do texto, leva para o reservado. E lá, rola. Eu mesmo já me envolvi perdidamente por dois textos belíssimos. Moças de vírgulas acentuadas, exclamações sensuais e risos de entortar qualquer coração letrado ou
iletrado.

Sim, pela primeira vez nesta nossa humanidade já tão velhinha, as pessoas estão se conhecendo primeiramente pela palavra escrita. E lida, é claro.

Já disse, isso envaidece qualquer escritor. Agora, o texto pode levar ao amor. Uma espécie de amor-de-texto, amor-de-perdição.

A relação, o namoro, começa ali no monitor. Você pode passar algumas horas, dias e até semanas sem saber nada da outra pessoa. Só conhece o texto dela.

E é com o texto que vai se fazendo o charme. Você ainda não sabe se a pessoa é bonita ou feia, gorda ou magra, jovem ou velha. E, se não for esperto, nem se é homem ou mulher. Mas vai crescendo uma coisa dentro de você. Algo parecidíssimo com amor. Pelo texto.

Pouco a pouco, você vai conhecendo os detalhes da pessoa. Idade, uma foto, a profissão, a cor. Inclusive onde mora. Sim, porque às vezes você está levando o maior lero com o texto amado e descobre que ele vem lá da Venezuela. Ou do Arroio Chuí.

Mas se o texto for bom mesmo, se ele te encanta de fato e impresso, você vai em frente. Mesmo olhando para aquela fotografia - que deve ser a melhor que ela tinha para te escanear (ou seria sacanear, me perdoando o trocadilho fácil) você vai em frente. "Uma pessoa com um texto desses..."

A tudo isso o bom texto supera.

Quando eu ouvia um pai ou mãe dizendo "meu filho fica horas na Internet", todo preocupado, eu também ficava. Até que, por força do meu atual trabalho, comecei a navegar pela dita suja.

E descobri, muito feliz da vida, que nunca uma geração de jovens brasileiros leu e escreveu tanto na vida. Se ele fica seis horas por dia ali, ou ele está lendo ou escrevendo. E mais conhecendo pessoas. E amando essas pessoas.

Jamais, em tempo algum, o brasileiro escreveu tanto. E se comunicou tanto. E leu tanto. E amou tanto.

No caso do amor ali nascido, a feitura, o peso, a cor, a idade ou a nacionalidade não importam. O que é mais importante é o texto. O texto é a causa do amor.

Quando comecei a escrever um livro pela internet, muitos colegas jornalistas me entrevistavam (sempre a mim e ao João Ubaldo) perguntando qual era o futuro da literatura pela Internet.

Há quatro meses atrás eu não sabia responder a essa pergunta. Hoje eu sei e tenho certeza do que penso: - Essa geração vai dar muitos e muitos escritores para o Brasil. E muita gente vai se apaixonar pelo texto e no texto.

Existe coisa melhor para um escritor do que concluir uma crônica com isso?

Como diria Shakespeare, palavras, palavras, palavras.

Como diria Pelé, love, love, love.

domingo, 22 de agosto de 2010

DIA 03 - LIVRO ESPECIAL


Na minha última contagem eram mais de 30 de literatura e outros tantos pedagógicos. Tem também os didáticos, alguns de administração, contabilidade, devocionários dos últimos 14 anos, livros de plantas medicinais e até uns de receitas tem.

Alguns foram presentes de pessoas inteligentes. Outros aquisições próprias e uns poucos vieram do espólio da mamãe.

Meus livros são meu maior tesouro, tenho mais ciúme deles que de qualquer outro bem que possua, principalmente se o livro em questão for presente de alguém. Este, em especial, não empresto, não precisa nem pedir.

Dificilmente releio algum, mas eles têm que estar ao alcance dos meus olhos e dos meus cuidados, caso queira folheá-los, sentir seu cheiro, tocar suas letrinhas impressas.

Mas sim, tenho um livro especial. Na verdade são vários com o mesmo conteúdo. Se não estou enganada somam 08; 09 contando com o da Claudiana. Ganhei o primeiro com 17 anos, presente de aniversário. Comprei outros dois e o da Claudiana. Ganhei dois exemplares de bolso e os demais eram da mamãe.

Li-o uma vez do início ao fim e releio diariamente partes diversificadas, de acordo com o Espírito, com a necessidade, com a indicação do dia. É a ele que recorro, quando entro em desespero e necessito de uma Palavra que acalente minha alma, mas também quando estou feliz e quero agradecer por isso.

Nele tenho normas para uma vida melhor; solução para diversos problemas, cânticos de louvor, alento, esperança; ele chega até a acender aquela luz no fim do túnel e direciona a maioria dos meus passos.

Por tudo isso e mais um tanto que ele é meu livro de cabeceira, aquele que nunca abandono, meu “Livro Especial”: A Bíblia Sagrada!

sábado, 21 de agosto de 2010

DIA 2 - FILME PREFERIDO


Eu tinha entre 08 e 10 anos, naquela época as febres não eram tão freqüentes, mas ainda sofria com elas em determinadas épocas do ano, principalmente naquelas, as quais minha respiração ficava mais pesada e arfante.

Como havia passado boa parte do dia dormindo, acordei no meio da noite e fui para o quarto do meu irmão. Ele estava assistindo a um filme e deitei do lado dele e fiquei lá vendo junto.

Rapidamente me encantei pela história, não sei se vou lembrar na totalidade, mas lembro-me que tinha uma moça que andava de patins. Na verdade a moça era uma espécie de deusa da dança que descia à Terra para ajudar um cara  abrir um clube noturno e os dois acabaram se apaixonando.

Via aquelas cenas de paixão entre eles (eu, uma criança) e ficava imaginando como seria bom ter um namorado para andar de patins comigo, conversar, rir, dançar... Só não consegui compreender como, no final do filme ela simplesmente desaparece num facho de luz, num píer e o cara fica sozinho lá, olhando pro céu (hoje sei que isso não é nada impossível de acontecer, muito pelo contrário, exceto pelo facho de luz).

O filme ficou ali, marcado na minha mente. Procurei-o para assistir depois de crescida, mas não o encontrei. Hoje, quando revirava minha mente para encontrar um filme preferido, ele voltou à tona, não como filme preferido (porque como no caso da música, esse também está relacionado às fases da vida), mas como um filme que me marcou, num dia em que, talvez pela fragilidade, talvez pela fantasia de criança, vira e mexe retorna à lembrança, bem como a trilha sonora que embalava as personagens apaixonadas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DIA 01 - MÚSICA PREFERIDA


Adoro música! De todos os tipos e gêneros (exceto funk). Quando não quero pensar, gosto de música bem alta e agitada. Quando preciso me concentrar, uma baladinha em tom agradável aos ouvidos. Se for para dançar, tem que ser com ritmo, de preferência, quente.
Cada fase da minha vida foi marcada por uma letra e uma melodia que, a seu tempo me embalaram, fizeram sorrir e chorar. Quando criança era “Ursinho Pimpão” do Balão Mágico, depois “Lua de Cristal” da Xuxa.
Na adolescência eu ouvia, todas as noites, o programa “God nigth Mundial” na Rádio Mundial AM. Meu radinho ficava na cabeceira da cama e dormia ouvindo música. Naquela época gostava muito da Legião Urbana e a poesia de Renato Russo embasava minhas rebeliões juvenis.
Houve um período da minha vida, cujos diálogos eram permeados por pequenos versos musicais. Minha agenda ficava cheia de letras de músicas e meu “Toca-fitas” era o companheiro inseparável.
Muita coisa mudou desse tempo para cá, mas a musicalidade permanece. Quando “incasqueto” com uma determinada música, é só ela que toca, no PC, no carro, no celular, no som da sala.
Outro dia era “Sutilmente”, do Skank, essa marcou uma fase importante da minha vida e sempre que a ouço ainda me lembro; se concentrar, sinto até o cheiro daquela atmosfera. Depois vieram outras músicas onde o CD do carro insistia em agarrar, tais como: “Único Olhar”, Jota Quest; “Paixão”, Cláudia Leite; “Versos Simples”, Chimarruts; “Pra você guardei o amor”, Nando Reis; “Segredos”, Frejat...
Bom, poderia ficar aqui minudenciando músicas que adoro ouvir, que me dizem alguma coisa, que me acalmam, que me elevam a alma e tudo mais, porque, na verdade, a música marca um momento, por isso são tantas.
Entretanto, vou fazer o sacrifício de escolher apenas uma, e o critério foi simples assim: outro dia, voltava do trabalho para casa, já era tarde da noite, liguei o rádio do carro e tocou uma música gostosinha de ouvir, de letra poética e melodiosa. Naquela noite fria, quase ninguém na rua, diminuí a velocidade do carro para poder curtir melhor o som.
Cheguei em casa e baixei a música só para ouvir de novo e de novo e de novo e de novo...
Pensei em dividir essa música com alguém ainda naquele dia, mas meu coração disse que não era o momento. Agora é chegado o momento de dividi-la com todos que quiserem tomar parte.
Venha pra perto de mim
E veja como eu estou só
Senta, não olha pro chão
A culpa não foi de ninguém, não, não
Ahh, tô aprendendo a viver sem você (2x)
Sei que o dia raiou para mim
Mas pra você tanto fez
Sei que não vou mudar sou assim
Para você sou mais um
Ahh, tô aprendendo a viver sem você (2x)
Ahh, tô aprendendo e não quero aprender
Ahh, tô aprendendo a viver sem você
Tô voltando pro meu recanto
Lá é bem melhor
Não, não sei quem vai estar me esperando
Eu nunca vou estar só
Ahh, tô aprendendo a viver sem você (2x)
Ahh, tô aprendendo e não quero aprender
Ahh, tô aprendendo a viver sem você
Detonautas
Composição: Rodrigo Netto

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

RESENHA DE AGOSTO

OS ESPIÕES - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Encontrar o livro do Desafio Literário desse mês não me deu nenhum trabalho. Comprei-o numa viagem e trabalho à capital. Li-o todinho no dia seguinte, um dia muito frio por sinal, onde vestia blusa e luvas de lã e meus cabelos soltos aqueciam meu pescoço.

Os Espiões trata-se de um romance policial "mamão-com-açúcar", sem maiores surpresas. Um escritor frustrado, trabalhando como editor numa pequena editora se apaixona platonicamente pela autora e possível personagem de um livro que lhe chega em partes pelo correio, história esta cheia de suspense e ficção.

Não sei se influenciada pelo momento que vivo ou pela realidade que vira e mexe bate na minha cara, a sensação que tive ao ler as últimas páginas e fechar o livro é que, muitas vezes, criamos verdadeiras histórias nas nossas mentes e acreditamos tanto nelas que elas se tornam reais e passamos a viver neste mundo místico: meio real, meio ficção e não tomamos consciência dos perigos que corremos.

Quantas vezes já me vi na situação da personagem principal quando ele chega na cidade de Formosa e sente-se como que se estivesse entrando num mundo irreal e imaginário, num universo paralelo que não o seu, que não a realidade da qual faz parte e vive. Somos assim. Nos transportamos para mundos que atenuam a realidade na qual estamos inseridos, mesmo que apenas para atenuarmos nossos sofrimentos cotidianos, as pressões do dia-a-dia.

Viver não é fácil (disso tenho certeza!), mas os caminhos que escolhemos podem tornar essa vida mais simples ou mais complicada; uma comédia romântica ou um romance policial. Isso depende de nossas opções, do roteiro que escolhemos encenar, de nós mesmos.

Bom livro, boa linguagem, boa história!

MEU 35 ESPECIAL


A exatos 35 dias completo 35 anos. Nossa, como passou depressa! Parece que foi na semana passada que rodeava minha mãe, enquanto ela confeitava meus bolos de aniversário. Ela fez isso até o aniversário de 14 anos, no de 15 ela pediu uma confeiteira famosa na cidade para fazer.
Lembro-me de todos. Cada ano de uma cor. Em uns ela colocava bichinhos, em outros florzinhas, lembro-me perfeitamente de um que tinha a Branca de Neve e os sete anões. Em alguns aniversários recebia mais coleguinhas, chamava todos da minha classe. Em outros chamava apenas os colegas da rua. Mas em todos não podia faltar o bolo confeitado pela mamãe, com glacê de limão, acompanhado de refrigerante de laranja e guaraná da Coroa, ainda naquelas garrafas de vidro com o pescoço comprido.
Outra característica dessas festinhas é que a mamãe sempre chamava o Jesuíno Fotógrafo para “bater uma fotografia”. O problema é que eu morria de medo dele. Grandão e barbudo, quase sempre tirava fotos minhas em prantos.
Esse ano não tem bolo da mamãe. Nos últimos 03 anos não posso contar com esse mimo. Mas em sua homenagem, eu mesma farei um e chamarei meus coleguinhas para dividi-lo comigo, acompanhado de refrigerante de laranja da Coroa.
Agora, sem nostalgia, copiei da Bel uma ideia bem legal: fazer um mês de postagens específicas. Como comemoro 35 anos, meu mês terá 35 dias e, consequentemente, 35 postagens cujos temas são os seguintes:
Dia 01 – Música favorita
Dia 02 – Filme preferido
Dia 03 – Livro especial
Dia 04 – Crônica que sempre releio
Dia 05 – Poema que adoro
Dia 06 – Citação de alguém
Dia 07 – Bordão que não sai da minha boca
Dia 08 – Uma experiência inesquecível
Dia 09 – Uma imagem que me deixa feliz
Dia 10 – Uma imagem que me deixa triste
Dia 11 – Uma foto que eu tirei
Dia 12 – Uma foto minha de criança
Dia 13 – Uma foto minha de hoje
Dia 14 – Uma obra de arte
Dia 15 – Um talento meu
Dia 16 – Meu maior desastre
Dia 17 – O que me faz rir
Dia 18 – O que me faz chorar
Dia 19 – Um passa-tempo
Dia 20 – Minha receita mais famosa
Dia 21 – Meu lugar preferido
Dia 22 – Um lugar onde nunca mais volto
Dia 23 – A viagem dos sonhos
Dia 24 – A  viagem de pesadelo
Dia 25 – Férias
Dia 26 – Trabalho
Dia 27 – Realização
Dia 28 – Uma oração
Dia 29 – Uma bênção
Dia 30 – Um dia perfeito
Dia 31 – Um dia especial
Dia 32 – Meus 35 anos
Dia 33 – Sonho realizado
Dia 34 – Sonho a realizar
Dia 35 – Planos para os próximos 35 anos

domingo, 15 de agosto de 2010

Espirito Santo

Espírito Santo ore por mim
Leve pra Deus tudo aquilo que eu preciso
Espírito Santo use as palavras
Que eu necessito usar mas não consigo
Me ajude nas minhas fraquezas
Não sei como devo pedir
Espírito Santo
Vem interceder por mim

Todas as coisas cooperam pra o bem
Daqueles que amam a ti
Espírito Santo vem orar por mim

Estou clamando, estou pedindo
Só Deus sabe a dor que estou sentindo
Meu coração está ferido
Mas o meu clamor está subindo.

Fernanda Brum
Composição: Eyshila

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TROCA-SE DE MEIAS COMO TROCA-SE DE IDEIAS


Tem gente que nunca troca as meias. Entra semana e sai semana e a meia é a mesma. Até que um dia, por pura e simples incapacidade da vestimenta, toma-se aquela meia velha, puída, suja, fedorenta, imprestável mesmo, e joga-se fora, colocando, assim, outra em seu lugar (mas não sem antes lamentar, afinal foi uma ideia meia tão boa, serviu por tanto tempo...).

No final de semana, quando as roupas do período são lavadas, eu coloco no varal sete pares de meia da minha filha. Não sei como ela dá conta, mas tem vezes em que são tiradas oito e até nove pares de meia dela da máquina de lavar num único fim de semana. Elas ficam lá, penduradas no varal, balançando ao vento para secar que nem bandeirinhas coloridas: tem azul, rosa, amarela, de beiradinha vermelha, de beiradinha preta e branca, a grande maioria é de brancas. Ela só não tem meias de bichinhos, porque não gosta de ideias meias muito infantilizadas.

Quando o inverno desse ano começou, passei a encontrar no caminho da escola diversos adolescentes calçando meias e chinelos (que loucura!).

Conheço gente que jamais usa meia. Pode estar calor ou frio, esteja a pessoa de tênis, sapato ou sandálias, os pés estão sempre descalços de meias. Estes jamais pensariam em usar uma ideia meia, recusam terminantemente este recurso de vestuário.

Tem uma gente, que de tão pragmática, tem um par de meias escrito “E” no pé esquerdo e “D” no pé direito. Para isso só tenho a dizer que suas ideias meias são tão organizadas, previstas, planejadas, objetivas, estabelecidas, como sua própria vida. Como então inserir algo imprevisto nessa gaveta de meias?

Conheço outras gentes que dormem de meias, mesmo que seja calor. Mesmo que a pessoa esteja nua e destampada as ideias meias estão lá, embalando seus sonhos.

Eu não sou muito chegada a trocar de meias não. Mas também não sou extremista em não trocá-las. Meu maior problema está em perder o foco e as meias. Isso porque gosto sempre de usar as mesmas, mas nunca sei onde as deixei, se dentro de um tênis, debaixo da cama, dentro daquela bota no armário ou se ela foi para a máquina de lavar e se misturou com as demais coloridas, porque as minhas ideias meias são brancas, sempre brancas.

Outro dia ganhei uma meia de dedinhos. Uma gracinha! Uma delícia de vestir. Os dedinhos são brancos com florzinhas nas pontas e o corpo da meia é verde cheio de borboletas e florzinhas. Calcei na hora que ganhei. Dormi e fiquei o sábado inteiro vestida com ela. A noite, quando fui jantar na casa de amigos fui calçada com ela e com chinelos (que loucura!).

Adorei a novidade da meia de dedinhos, colorida e cheia de desenhos, mas isso não significa que abandonei minhas velhas ideias meias brancas, significa apenas que estou abrindo espaço para novas experiências, novas sensações e prazeres.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AS REGRAS DO MEU CUIDAR

Cansei de cuidar! É, simples assim: cansei de cuidar e quero alguém que cuide de mim.


Calma, isso não quer dizer que vou deixar minha filha ao léu, ou abrir o portão e dizer ao Hulligan que encontre outro lar para ele. Não é nada disso. Na verdade essa idéia de ser cuidada ronda minha mente já faz um tempinho e reforçou-se ontem quando li a coluna da Sandra Maia, onde falava sobre “Ser Amada”. Ela dizia que “um diamante ou um café na cama têm, para as mulheres, o mesmo peso... O carinho, a atitude, o amor em cada e em todos os momentos fazem toda a diferença”.

É mais ou menos assim que o cuidar está relacionado para mim. Não tem nada a ver com dar sustento físico, levar a restaurantes caros ou dar presentes dispendiosos. Para mim, ser cuidada é ter alguém que se lebre de dizer-me “bom dia” mesmo tendo passado a noite toda ao meu lado; alguém que saiba que tenho intolerância a lactose, mas mesmo assim não deixa de alimentar meu vício por chocolate de vez em quando.

Cuidar é fazer supermercado para mim de vez em quando; comer um arroz com ovo como se fosse um banquete; ou pedir uma pizza, abrir uma garrafa de vinho e me dar colo quando eu não conseguir sair do sofá.

Cuidar é rir de mim (e comigo) quando eu surtar e guardar as chaves dentro da geladeira; entender que eu e meus celulares temos uma relação de amor e ódio; e que sou totalmente estabanada (mas nem por isso menos carinhosa). É, quando na sexta-feira eu ficar rodado pela casa de chinelos a procura de um só par que me sirva, lembrar-me que todos os meus sapatos foram esquecidos dentro do carro no decorrer da semana; é levá-lo (o carro) para bater uma água e aspirar a poeira no sábado.

Para cuidar de mim tem que acreditar que vai dar certo, e apostar junto, tão intensamente que chega até a colocar a mão no fogo.

Cuidar de mim é me abraçar. É fazer um afago nos meus cabelos e não dizer que eu estou linda e sim que eu sou linda todos os dias, a qualquer hora, em qualquer momento. É dizer que me ama naqueles momentos em que o céu parece que vai desabar na minha cabeça, juntar meu rosto com as mãos e me dar um beijo na testa.

É... simples assim: pra cuidar de mim é só me fazer feliz e ser feliz comigo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

BRINCADEIRA DE CRIANÇA


Quando criança, o que mais gostava de fazer era brincar na rua. Era no finalzinho da tarde onde os passarinhos cantavam uma canção de boas vindas, que a meninada eufórica ia saindo das portas das casas e a rua ficava repleta de crianças de todos os tipos, cores, cheiros e sabores, que corriam de um lado para o outro, organizando grupos, idealizando brincadeiras, separando times, e tinha aquelas que ficavam simplesmente sentadas no meio fio, vendo o movimento e colocando as conversas em dia com os colegas.
O período de férias era o melhor, porque nós podíamos ficar até mais tarde nas brincadeiras de rua, além de podermos nos juntar durante o dia também pra andar de bicicleta, nos aventurar no quintal dos vizinhos, subir em árvores e explorar ambientes que nos eram restritos no período de aulas.
De uns tempos para cá, tenho observado que não se ouve mais a música das crianças nas ruas, porque elas não estão mais povoadas de meninos e meninas descalços, gritando, andando de bicicleta, jogando bola. A meninada não marca mais encontro na ‘rua de baixo’ para subir no pé de manga do ‘seu Joaquim’, ou se ajuntam na casa de um ou de outro para jogarem ‘bilisca’. 
Não sei até que ponto a modernidade e a ‘globalização’ da vida atual têm modificado a vida das crianças de hoje, mas pique-esconde agora possui outra conotação, não é mais real, é virtual.
Os torneios que acontecem na vida das crianças de hoje não são de peteca, peão ou corrida de carrinho de rolimã. Os torneios de hoje acontecem na frente da tela de um computador, mediante disputas de vídeo-game e os encontros que antes eram realizados na rua, corpo-a-corpo, agora ocorrem no Orkut e no MSN.
Os contatos físicos que nos faziam suar, dormir como uma pedra e comer apressado para não perder tempo na rua, esses eu não sei como estão. Andam subtraindo a infância das nossas crianças. Antes se era criança até 15, 16 anos. Hoje só se é criança até os 10 anos, depois disso a nomenclatura muda, o tratamento também e as relações mais ainda.
Sei que a ausência das crianças na rua não se deve apenas à virtualidade que a vida vem assumindo, mas, sobretudo à insegurança que a rua oferece e ao corre-corre dos pais, preocupados em dar conta da vida e não apenas deixá-la tomar seu curso natural. Então, o que quero levantar aqui é um momento de reflexão de para onde estamos caminhando; até que ponto vamos privar nossos filhos e demais gerações dos prazeres reais que tivemos em nossa infância devido à impossibilidade de tornarmos a sociedade um lugar bom de viver.
Você já pensou nisso? Então pense.
(Publicado no Jornal Cidade, Jul. 2010)

domingo, 1 de agosto de 2010

MEU MAIS BELO ANJO


Sempre digo que “Deus nos envia anjos para nos ajudar” e a cada dia percebo mais a presença desses “seres” fantásticos na minha vida.

Eles na são velados. Antes, bastante discretos e se escondem sobre faces comuns de seres humanos, mortais e cheios de defeitos, assim como eu. Também não se identificam como tal, alguns nem sabem que o são e ficam por aí, fazendo suas peripécias, que de ato em ato vão enchendo minha vida de amor, de contentamento, de prazer.

Meu mais belo anjo foi-me enviado ainda pequeno. Meio assustado, não tinha noção de seu lugar ao mundo, de seu ofício de anjo. Sua vinda a terra foi cronometrada por Deus para que chegasse até mim no momento exato de cumprir sua missão.

Foi treinado para ser anjo na maior academia do Universo. Como aprendiz de anjo sofreu duras penas. Chorou, sentiu dor, medo, frio e fome, mas tudo isso também foi planejado por Deus para que ele se tornasse o mais belo anjo, o mais doce, o mais terno, o mais perspicaz. Tudo isso foi proposto em sua formação para que ele tivesse as armas, as artimanhas, de tornar minha vida um pouco mais fácil, mais iluminada, mais esfuziante.

Meu anjo, às vezes, é um pouco taciturno. Não é de sorrir muito, mas quando sorri, seu sorriso é capaz de iluminar tudo a sua volta. Suas palavras, assim como seus atos, são medidas e quando as profere, são certeiras, para alento ou desalento; para curar ou para ferir; para acalmar ou para desestruturar todas as minhas certezas.

Na verdade acho que esse é um dos principais papéis do meu anjo: destituir-me de tudo aquilo que eu tenho certeza que é certo, o melhor a fazer. Meu anjo adora fazer-me refletir, da sua forma sutil de opinar, e, através de minha reflexão reavaliar meus paradigmas e reconstruir-me um ser ainda melhor.

Meu anjo tem nome. Sim, um belo nome! Mas não direi aqui. Guardarei em meu coração o nome do meu belo anjo, para que assim, mesmo que só um pouquinho o resguarde das pressões de saber que é um anjo e tem tão árdua tarefa de tornar minha vida mais feliz, em consonância com a sua.