sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UM PIT BUL QUE SORRI


Acredito que todas as pessoas têm uma história para contar sobre animais. Os que não gostam, com certeza terão histórias bem elaboradas que justifiquem o fato, e os que gostam, histórias de carinho, divertidas tardes de verão, corridas por campos e praças, animais escondidos debaixo das cobertas, planos de fugas com o companheiro mais fiel, buscas desenfreadas por aquele que sumiu, etc.

Se for detalhar tenho muitas histórias para contar sobre meus animais de estimação, pois já tive diversos: cães, gatos, peixes, porquinho da índia, coelho e até um periquito (coisa que abomino, pois acho que os animais devem ser criados livremente com direito de ir e vir).

Meu primeiro animal de estimação foi uma cadelinha “pequenês” (nem sei se essa raça existe, mas minha mãe falava que era, então era! Quem sou eu para discutir...). A pequena Lessie, foi lá para casa quando eu ainda nem tinha nascido, de sorte que ela era oficialmente do meu irmão, mas a responsável por cuidar, alimentar e correr atrás, quando ela fugia era eu, então, de fato, era minha.

Tínhamos uma relação de amor eu e a Lessie. Ela dormia no meu quarto, debaixo da cama, comia tudo que eu comia, brincava comigo de casinha, passeava comigo pelas ruas. Era minha confidente, etc, etc, etc. Mas, sempre que minha mãe caia de cama, parece que ela percebia algo de estranho no ar e não saia debaixo do criado mudo da cama dela, até que melhorasse e se pusesse de pé novamente.

Lessie morreu quando eu tinha 15 anos, de modo que ela deveria ter cerca de 16 anos. Bem velhinha para um cão (não seria cadela?). Morreu cega, quase sem nenhum dente e sem muitas forças para caminhar. Foi enterrada nos fundos da nossa casa. Não quis ver. Meu pai fez todo o serviço. Como foi verão, meu irmão estava viajando e quando chegou e recebeu a notícia, deitou-se na minha cama e chorou até dormir, como se tivesse 10 anos de idade, mas na verdade ele tinha 25.

De lá para cá, foram Rogers, Belinhas, Luízas, Missins, “Miojos”, Leões, Morfeus, Lilis, Tom Jobim (o periquito que não durou nem um mês, porque precisei viajar e deixei-o com uma vizinha e ela o deixou fugir), etc.

Atualmente estou me aventurando por um campo mais tenso de animais de estimação, me dei o privilégio de criar um pit bul. Tenho em mim a opinião de que o que faz o animal é seu dono, ou seja, a forma que ele é criado. Não quero aqui tirar a responsabilidade do próprio cão, ou dizer que o meu é dócil e jamais me causará problemas, mas quero dizer que o crio com carinho, disciplina, converso com ele, ou como diz um amigo: “você cria ele como se fosse um poodle”. Sim! Com todo amor dispensado a um pequeno cão.

O Hulligan é um doce, um amor de cachorro e, de todos que já tive, é o mais obediente. Com ele só preciso dizer uma vez que ele logo obedece. O maior problema do Hulligan é que ele parece que nunca vai se tornar adulto, vive aprontando das suas, comendo chinelos, roupas que ficam perdidas na área de serviço e minhas plantas... Como o Hulligan adora comer minhas plantas! Come até o talo, e ainda desenterra a raiz e come mais um pouquinho, isso quando não cava o vaso e joga a terra toda no chão da varanda e da área.

Mas o amo assim mesmo! Ontem fomos caminhar no Empoçado. Ele entrou no carro todo faceiro. Aquele cachorrão enorme, pesando uns 30 kg, no banco detrás. Quando chegamos, ele sabia direitinho para onde tinha que ir, e acompanhou-me no percurso todo sorrindo. Você não acredita? Pois pode acreditar, o Hulligan sorri, e esta é uma das características que mais gosto dele, um Pit Bul caramelo, de olhos azuis e nariz vermelho que sorri para mim!

Caminhamos e corremos por 6 km de uma forma divertida e encantadora, uma hora a mais de vida que ganho no meu caderninho, por curtir um momento tão especial com um animal que alguns abominam, mas que eu continuo afirmando que é um doce, um bebê de 30 kg.

Um dia uma pessoa me disse que quem tem “jeito” com animais tem bom coração. Devo então ter bom coração, porque amo estes meus bichinhos de estimação e dou o meu melhor para eles, com eles sou eu mesma (como diz meu anjo), sem a necessidade de fantasias ou “cara de paisagem”, porque eles também me amam como realmente sou.

sábado, 21 de novembro de 2009

COMPRAM-SE IDEIAS


Temos o hábito, muitas vezes, de comprar ideias. E fazemos isso sem ao menos perguntarmos o preço que será cobrado por esta ideia. Eu, pelo menos sou assim, adoro ideias inusitadas, diferentes, “belas ideias” que geralmente saem muito caro.

Há algum tempo, por ocasião do aniversário de uma amiga, numa época em que as belas ideias estavam parcas na minha mente, na vontade de presentear de forma diferenciada esta minha amiga, comprei a ideia de uma outra amiga em comum, mais uma vez, sequer me dando conta do preço, da trabalheira, de fazer valer aquela belíssima ideia.

Busquei entre os demais amigos alguns colaboradores para encontrar o presente especial sugerido e colocar em prática a ideia recém comprada, mas, ou eles não estavam tão entusiasmados quanto eu ou, simplesmente, a autora da ideia e a compradora da mesma é que estariam predestinadas a realizar todo o processo de aquisição daquele presente especial.

Nesta busca desenfreada, duas semanas se passaram até a véspera do aniversário. Era então o dia derradeiro, ou encontrávamos o presente ou daríamos qualquer outro (o que nos parecia impraticável!).

Fomos a todos os pontos possíveis naquela tarde, ligamos para diversas pessoas, fizemos inúmeros contatos, até que descobrimos que o presente especial, aquele da ideia comprada, estaria numa cidade vizinha, há cerca de 100 Km de mim.

E lá fomos nós: eu (compradora de ideias) e minha amiga (vendedora de ideias). Sexta-feira, 4h da tarde, chuva, estrada repleta de carros... até que chegamos.

Quando vimos o presente especial foi amor à primeira vista, era exatamente aquilo que imaginávamos e procurávamos há duas semanas, a imagem perfeita da ideia comprada às escuras.

A quatro mãos, o presente foi colocado com todo cuidado no carro (ainda debaixo de chuva), e transportado com toda amabilidade num colo macio e carinhoso, como se fosse um bebê que acabara de nascer.

Como havíamos passado a tarde toda nesta jornada, aproveitamos para tomar um suco e comer um bolinho de bacalhau (que de tão quente queimou minha boca) numa lanchonete ali pertinho. Aproveitaríamos também para colocar o papo em dia se o dono da lanchonete tivesse deixado, porque o moço ficou o tempo todo ao nosso lado no balcão falando desenfreadamente do tempo, da receita do bolinho, da escolha do ponto para a lanchonete e de tudo mais que viesse à sua ideia.

No domingo, quando fomos almoçar com nossa amiga aniversariante e vimos seus olhinhos brilharem, quando recebeu de nossas mãos aquela linda arvorezinha, que alguns chamam de bonsai, percebi que valeu cada centavo pago pela louca e bela ideia que havia comprado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UM AMOR PRA VIDA TODA NA PALMA DA MÃO

Tenho uma amiga que, lá pelo 23º ou 24º copo de cerveja, costuma ler mãos.

Não é nada combinado, ou uma entidade que “desce” aproveitando o alto teor de álcool. Na verdade, é mais uma brincadeira do que algo em que se possa confiar ou escrever.

Numa dessas nossas tardes de domingo, onde garrafas de cerveja vazias se amontoavam num canto da área, nós estávamos sentadas no chão fresquinho, numa espécie de círculo mal arrumado, onde começamos mais uma brincadeira de “ler mão”.

Iniciando por mim, ela soltou um “nossa!”, olhou bem no fundo dos meus olhos, deu sua risadinha característica e partiu para uma outra mão (talvez menos complicada) e desfilou uma infinidade de acontecimentos, inclusive um filho, sonho mais latente para a dona daquela mão.

Estendi minha mão novamente, ela tornou a olhar, deu uma palmadinha sobre ela, mais uma risadinha, fitou o negro dos meus olhos como antes e direcionou-se para ler a mão da dona da casa. Nada de grandes acontecimentos ou surpresas nessa mão, apenas fatos corriqueiros, rotineiros, de uma vidinha cotidiana e “normal”.

Sem mais para onde fugir, ela enfim tomou minha mão e liberou a exclamação que prendera na última hora: “nunca peguei uma mão tão intensa como essa!”. Disse, entre risos, que todas as fases da minha vida foram muito intensas: infância, adolescência, juventude, fase adulta; todas cheias de acontecimentos fortes e marcantes que me transformaram na pessoa que sou hoje.

Não consegui ver o bem ou o mal nessa exclamação e comentários, de modo que continuamos nossa brincadeira. Fiz algumas perguntas: se teria mais filhos e ela disse que não, mas teria dois netos. Perguntei, então, se viveria muito tempo e ela disse que eu morreria bem velhinha. E, a pergunta que todos fazem nestas ocasiões: “e o amor?”

Entre uma risadinha e mais um gole no seu copo de cerveja, ela me disse que, em breve, eu encontraria um “amor pra vida toda”, e que, a princípio, seria para mim proibido, mas que se eu insistisse, me faria muito feliz.

Rimos muito, esvaziamos mais algumas garrafas de cerveja, falamos mais um monte de besteiras e voltamos para nossas casas.

Desse acontecimento para cá, “o amor pra vida toda” não saiu mais da minha cabeça, sobretudo na sua associação à felicidade. Não que eu não acredite na minha amiga que lê mãos, a verdade é que tenho relutância em acreditar no amor mesmo, e quando esse vem de mãos dadas com a felicidade, ai, ai...

Bom, se o tempo é mesmo mestre em tudo, vamos aguardá-lo e ver se esta “brincadeira de ler mão” tem algum fundamento.

P.S. Neste dia, a minha amiga quiromancista disse que um dos presentes perderia um campeonato de basquete e, na semana seguinte o fato se confirmou... Êpa...



domingo, 8 de novembro de 2009

FESTA DE EXPOSIÇÃO E CHUVA



O Espírito Santo vem sofrendo há vários dias com as chuvas constantes em todo o seu território. Com isso foram diversos os eventos culturais, sociais e demais, cancelados devido a grande quantidade de água, barro, falta de infraestrutura, visão, etc e etc.

Afonso Cláudio também teve um evento no meio dessa chuvarada, mas, como o povo daqui é tinhoso, este não foi cancelado. A XXV Exposição Agropecuária de Afonso Cláudio foi, no mínimo, excêntrica, tamanha foi a quantidade de água, o barro e a indumentária que o povo arrumou para fazer parte da festa, curtir, sem se espatifar por aquele chão liso e melequento.

Não sei quem deu o “pontapé” inicial, ou quem teve a brilhante ideia primeiro, só sei que foi tipo efeito dominó, um iniciou e o resto da galera foi atrás. Sei também que se eu falar ninguém vai acreditar, mas quando minha vizinha me disse que o Parque de Exposições estava igual vargem que a gente prepara para plantar arroz eu, deitadinha na minha cama, louca para ver Teodoro e Sampaio cantando o “Pitoco”, bem que tive a ideia, mas ficou só na ideia.

Entretanto, na sexta-feira, dia de abertura oficial da festa, quando fui à loja de defensivos agrícolas do “Edjás” comprar a ração mensal do Hulligan e vi aquela galera revirando a loja, eu lembrei-me de meu inocente pensamento da noite anterior e voltei a me animar, entrei na dança e comprei outras coisitas além da ração do meu pit-bul.

Resumindo: o povo Afonsoclaudense é, além de excêntrico, criativo e muito animado, pois curtiu a festa em toda a sua plenitude, ouviu Teodoro e Sampaio, Zé Henrique e Gabriel, Ataíde e Alexandre e muitos outros shows de capa de chuva e BOTA SETE LEGUAS. E olha que quem não foi calçado com as suas (por vergonha ou porque não achou mais para comprar mesmo) se arrependeu, porque além de estragar saltos e solados de sapatos convencionais, não pode ter acesso a todos os espaços alagados do parque e deslizou como em um chão ensaboado.