sábado, 1 de maio de 2010

TEMPO


Você já parou para pensar como demoram passar 10 minutos na fila do banco e como esses mesmos 10 minutos voam quando você está recebendo um carinho de quem ama?

No prazo de apenas uma semana uma vida inteira pode mudar. Pessoas nascem, pessoas morrem. Amores são desfeitos, paixões se consolidam. Guerras se armam, conflitos milenares são solucionados. Ritos são repetidos, filosofias são reinventadas. Flores desabrocham; o sol nasce sete vezes e se põe outras tantas; tempestades se armam; água cai do céu e molha a terra; a lua dá o ar da graça e as estrelas salpicam de brilho o manto negro da noite.

Durante este tempo, me digno a imaginar: o que temos feito? Onde empregamos esse tão precioso tempo que não temos como repor? Onde se esvai nossa vida? Por que meandros, por quais preocupações queimam-se nossos neurônios? Em quais desilusões se desfaz nossa paz de espírito, endurece nosso coração, decepciona o nosso amor?

O tempo passa e o corre-corre que vivenciamos cotidianamente, cada qual ao seu jeito, nos afastam da vida em si, de vivê-la plenamente, de gozar dos prazeres que ela tão placidamente reinventa a cada dia, a cada sol, a cada lua.

Muitos são os poetas, músicos e escritores que se dedicam a falar sobre o tempo. Não do tempo clima, mas do tempo cronológico, o tempo ‘tempo’ mesmo! Esse falar se dá, talvez, por eles enxergarem a insensibilidade do tempo, sua inflexibilidade. Mário Quintana disse que “quando se vê já é sexta-feira (...), quando se vê, perdemos o amor da nossa vida; quando se vê já passaram-se 50 anos (...)”.

Eu digo que, quando se vê, alguém viveu o que era para ser vivido por nós, enquanto estávamos no corre-corre que nos impedia de viver.

(Crônica publicada no Jornal Cidade - Abr. 2010)

2 comentários:

  1. Bela crônica!
    Sabe o que eu acho mais engraçado? Que o telefone, o avião, as estradas, os veículos mais potentes e velozes, a internet, enfim, todo esse aparato foi inventado/criado para GANHARMOS TEMPO. Mas, cadê esse tempo que hipoteticamente teríamos que estar ganhando? Eu ainda não vi...

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  2. Nem eu, Robson. E o mais engraçado é que quanto mais procuro, menos tempo tenho... Acho que vou começar a fazer o caminho inverso.

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