quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

MAGG

Ao contrário das noites anteriores, esta não estava quente, apenas morna. Um silêncio “tranqüilo” tomava conta do ambiente e a vontade era de apenas vagar, sem destino, absorta em meus pensamentos.


De relance a vi. Ela passeava pela rua como se todo aquele espaço fosse seu reino exclusivo. Perigo algum a afligia. Ali eram apenas ela e a noite. As ruas estavam desertas; a luz da lua iluminava as pedras do calçamento e seus passinhos miúdos apenas exploravam o ambiente, silenciosamente.

Na sua introspecção, não se deu conta de minha presença ou, se dera, não importara a mínima. Chamei-a. Não respondeu. Tentei fazer-me notar de outra forma e mesmo assim ignorou-me. Continuou seu vagar solitário, sua exploração sem qualquer objetivo específico.



Com alguma dificuldade consegui convencê-la a entrar no carro. Levei-a para minha casa, até então um local estranho para ela, mas isso não a incomodou. Agiu com a maior naturalidade e abancou-se.

Ela não pede atenção, não pede carinho, parece não precisar destes tão importantes para nós, simples mortais. Entretanto, o carinho que ela não pede, a atenção que ela parece não precisar, são todos voltados exclusivamente para ela. É dona, soberana, imponente.

Mas também é independente, talvez até independente demais para viver na companhia de alguém por um tempo maior que sua própria idéia lhe permita. Num abrir e fechar de olhos ela se foi. Não disse adeus, não deu um beijo ou sequer um abraço. Simplesmente partiu, sem nem avisar.

Esses poucos dias, horas apenas, na sua companhia, fizeram-me refletir profundamente sobre essa sua absoluta liberdade, seu aparente descaso a respeito de tudo e de todos. Liberdade... melhor talvez chamar de autossuficiência ou, quem sabe, simplesmente prazer em sua sábia solidão.

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