terça-feira, 16 de novembro de 2010

REENCONTRO


Caminhava pela praia vagarosamente. Sentia seus pés tocarem o chão quente e ouvia os estalidos dos pequeninos grãos de areia. Uma brisa suave tocava seu rosto e o barulho das ondas enchia toda aquela imensidão, não havendo espaço para mais nada em seus ouvidos.

Havia muito tempo que estivera ali. Eram outros momentos, outros ruídos, alguns rostos, sorrisos, brincadeiras de criança. Agora era apenas ela, o mar, o sol e a imensa faixa de areia branca e quente.

Enquanto caminhava, observava o desenhar dos seus passos na areia, um após o outro, iam deixando uma trilha marcando sua direção. De súbito olhou para frente e percebeu que um vulto aproximava-se. Apertou os olhos com que para forçar a visão e, aos poucos, o vulto foi tomando corpo, forma, feição.

Seu coração deu um salto descompassado ao reconhecer a pessoa que vinha a seu encontro. Não se lembrava mais a última vez que haviam encontrado-se; mal podia lembrar de seu rosto, mas quando ela aproximou-se mais teve a certeza de que nunca se afastaram o suficiente para esquecerem uma da outra.

Num primeiro momento trocaram um olhar desconfiado, mas aos poucos estenderam os braços e um abraço apertado foi trocado ali, naquela praia deserta, onde apenas o mar e o céu serviam-lhe de testemunha.

Como crianças correram pela faixa de areia. Iam até o mar, molhavam os pés e saiam correndo das ondas, como que numa brincadeira de pega-pega. Já cansadas e sem fôlego, sentaram-se na beirinha da praia. Sem pedir licença, ou proferir uma só palavra, a primeira aninhou-se no colo da segunda e ficou ali, ouvindo o bater do seu coração que parecia uma belíssima canção de ninar acompanhada pelo barulho das ondas.

O sol já ia se pondo lá longe e ambas perceberam que era chegada a hora de se afastarem novamente. Uma lágrima correu o rosto da primeira. Ela não queria deixá-la novamente, não tinha se dado conta de quanto sentia falta daquele contato, daquela sabedoria, bondade e carinho. Como que compreendendo o que a primeira sentia em seu peito, a segunda acenou com a cabeça transmitindo-lhe que não mais se separariam e, mais que isso, jamais a abandonara, estivera sempre ali, em silêncio, aguardando-a retornar de sua longa, triste e penosa jornada.

Um comentário:

  1. Hummmm...
    Gostei desse reencontro!!
    É apenas o começo para outra jornada longa, porém mais alegre e mais leve, não é mesmo?

    Bjão

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