Minha
nora vai dar-me mais uma neta e fiquei encarregada de cuidar dela nos primeiros
dias de resguardo. Fazendo ao “modo dos antigos”, pensei em comprar uma galinha
caipira para fazer uma canja. O problema é conseguir a tal galinha nos dias de
hoje, onde as granjas tomam conta da criação destas aves de abate.
Conversando
com um e com outro, descobri um senhor que criava galinhas em seu quintal,
daquele mesmo jeito que os “antigos” criavam, a forma perfeita para resolver
questão com a canja da minha nora.
Entre
negociações de valores das aves, escolhi uma galinha bem gorda, bonitona,
daquelas que daria uma canja especial, com “sustança” capaz de restabelecer
minha nora e ainda ajudar a juntar o leite que alimentaria minha netinha.
Fui
para casa entusiasmada com a galinha pendurada pelos pés. Abati a ave como
minha mãe fazia, depenei-a, abri sua barriga e limpei-a. Piquei em partes
pequenas e coloquei numa vasilha, prontinha para ir para a casa da minha nora
no dia seguinte, por na panela e vê-la virar a desejada canja.
O
sol já tinha ido embora quando alguém bateu palmas no meu portão. Surpresa
percebi que era o senhor de quem havia comprado a galinha caipira. Dirigi-me a
ele imaginando o que queria. Será que após refletir julgara o valor pago pela
ave baixo e veio tentar conseguir algo a mais, ou simplesmente havia
arrependido de vender-me uma de suas crias de quintal e correu a meu encontro
na expectativa de resgatá-la?
Mais
surpresa ainda fiquei diante da pergunta que o senhor lançou-me após a saudação
inicial: “A senhora ainda está com a galinha?” Sim, estava. “Pode falar, pode
dizer, a senhora ainda está com a galinha?” Mas é claro que estava, como não
haveria de estar?
A
conversa já estava irritando-me e o senhor continuava insistindo em
questionar-me se eu estava com a tal galinha, mas fazia isso com atitude que
insinuava que eu respondia daquela forma apenas para agradá-lo.
A
irritação chegou ao ponto em que perguntei por que tanta insistência em saber
se eu ainda estava com a galinha. Ele sorriu amarelo e disse-me que perguntava
porque sabia que eu estava mentindo, não queria aborrecê-lo. Mas eu não estava
mentindo, a galinha estava comigo. Novamente ele sorriu e disse que a galinha
havia voltado para o quintal dele e dormia junto com as outras no galinheiro e
que se eu tivesse falado, ele devolveria a galinha no dia seguinte, mas como eu
insisti do contrário, ele ficaria com a galinha então.
Sinceramente,
ainda não entendi nada. Minha nora já comeu a canja com a galinha; ela, meu
filho e outras pessoas que almoçaram conosco aquele dia e o senhor continua
insistindo que a tal galinha está em seu quintal, ciscando e cacarejando com as
demais. Seria esta a história de uma galinha fantasma?
rsrs... Fantasma ou não, eu teria ido atrás e aceitava a galinha novamente, já que ele insistia em dizer que ela estava de volta ao seu quintal! rsrs
ResponderExcluirTive o cuidado de matar a sua galinha, aqui de casa, direitinho pra não ter o mesmo contratempo, tá?
Ótima história!!