terça-feira, 22 de maio de 2012

A GALINHA FANTASMA


Minha nora vai dar-me mais uma neta e fiquei encarregada de cuidar dela nos primeiros dias de resguardo. Fazendo ao “modo dos antigos”, pensei em comprar uma galinha caipira para fazer uma canja. O problema é conseguir a tal galinha nos dias de hoje, onde as granjas tomam conta da criação destas aves de abate.

Conversando com um e com outro, descobri um senhor que criava galinhas em seu quintal, daquele mesmo jeito que os “antigos” criavam, a forma perfeita para resolver questão com a canja da minha nora.

Entre negociações de valores das aves, escolhi uma galinha bem gorda, bonitona, daquelas que daria uma canja especial, com “sustança” capaz de restabelecer minha nora e ainda ajudar a juntar o leite que alimentaria minha netinha.

Fui para casa entusiasmada com a galinha pendurada pelos pés. Abati a ave como minha mãe fazia, depenei-a, abri sua barriga e limpei-a. Piquei em partes pequenas e coloquei numa vasilha, prontinha para ir para a casa da minha nora no dia seguinte, por na panela e vê-la virar a desejada canja.

O sol já tinha ido embora quando alguém bateu palmas no meu portão. Surpresa percebi que era o senhor de quem havia comprado a galinha caipira. Dirigi-me a ele imaginando o que queria. Será que após refletir julgara o valor pago pela ave baixo e veio tentar conseguir algo a mais, ou simplesmente havia arrependido de vender-me uma de suas crias de quintal e correu a meu encontro na expectativa de resgatá-la?

Mais surpresa ainda fiquei diante da pergunta que o senhor lançou-me após a saudação inicial: “A senhora ainda está com a galinha?” Sim, estava. “Pode falar, pode dizer, a senhora ainda está com a galinha?” Mas é claro que estava, como não haveria de estar? 

A conversa já estava irritando-me e o senhor continuava insistindo em questionar-me se eu estava com a tal galinha, mas fazia isso com atitude que insinuava que eu respondia daquela forma apenas para agradá-lo.

A irritação chegou ao ponto em que perguntei por que tanta insistência em saber se eu ainda estava com a galinha. Ele sorriu amarelo e disse-me que perguntava porque sabia que eu estava mentindo, não queria aborrecê-lo. Mas eu não estava mentindo, a galinha estava comigo. Novamente ele sorriu e disse que a galinha havia voltado para o quintal dele e dormia junto com as outras no galinheiro e que se eu tivesse falado, ele devolveria a galinha no dia seguinte, mas como eu insisti do contrário, ele ficaria com a galinha então.

Sinceramente, ainda não entendi nada. Minha nora já comeu a canja com a galinha; ela, meu filho e outras pessoas que almoçaram conosco aquele dia e o senhor continua insistindo que a tal galinha está em seu quintal, ciscando e cacarejando com as demais. Seria esta a história de uma galinha fantasma?

Um comentário:

  1. rsrs... Fantasma ou não, eu teria ido atrás e aceitava a galinha novamente, já que ele insistia em dizer que ela estava de volta ao seu quintal! rsrs

    Tive o cuidado de matar a sua galinha, aqui de casa, direitinho pra não ter o mesmo contratempo, tá?

    Ótima história!!

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