quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MUDANÇAS NO MUNDO


O Mundo está mudando. As coisas do mundo estão mudando. Não estou falando apenas da forma das pessoas se tratarem, cada vez mais impessoal; ou da forma que estamos criando nossas crianças, cada vez mais distantes da fantasia e das coisas “naturais” de criança. Estou falando também e, sobretudo, do Mundo com letra maiúscula, do Mundo Planeta, do Mundo Vida, do Mundo local onde vivo, do Mundo pessoas que convivem comigo.

Outro dia, conversando com um amigo, ele disse-me que viu a enchente de 79, que assolou Afonso Cláudio, e depois viu também a de 2009, de igual ou maior proporção. Então, ele disse-me que queria estar vivo daqui a 30 anos para ver a próxima grande enchente em nossa cidade. Não precisou esperar 30 anos. Na verdade, esperou poucos dias após ter feito essa reflexão comigo. Ressalto: não falávamos sobre enchentes e sim, sobre tempo.

(Foto Victória Roncete)
Fui acordada às 2h15min dessa manhã pelo meu chefe e amigo, avisando-me que estávamos em enchente novamente e pedindo-me que descesse para ajudá-lo a levantar nossos materiais de planejamento, pois havia risco da água chegar à sala e estragar tudo. Desci depressa e quando trafegava pelas ruas que deveriam estar desertas àquela hora da madrugada, encontrei diversas pessoas sobre as pontes e nas beiradas do rio vigiando as águas; nas janelas de suas casas; nas portas de seus estabelecimentos.

Em meio a diversos trabalhadores que se apressavam em levantar mercadorias das lojas e moradores – ajudados por seus vizinhos e parentes –  que carregavam todas as suas “coisas” em caminhões e ônibus da prefeitura para escolas ou lugares mais seguros, encontrei também cidadãos eufóricos com as águas que subiam 1cm por minuto, apostado uns com os outros se passariam ou não os níveis da enchente anterior, de 1 ano atrás.

(Foto Monalisa Brumm)
Vi um casal desolado, sentado do outro lado da rua, observando seu estabelecimento recém reinaugurado, pois foi levado pelas águas da enchente do ano anterior. Foi impossível não tentar imaginar o que passava pela cabeça deles, o que os fazia ter um olhar tão longe e triste.
 
Também falei com uma amiga pelo telefone. Ela, há três noites, não dormia vigiando o rio. Dormiria agora, o restante da madrugada na casa da cunhada, pois transportara todas as suas “coisas” para um lugar seguro e nada mais havia a fazer, a não ser esperar as águas baixarem para lavar o barro.

(Foto Ravany Lerbarch)
Quando já era dia, as águas do rio baixando, ouvi o jovem Maestro da Banda desolado dando uma entrevista à rádio da cidade, porque a Prefeitura acabara de reformar as instalações da banda e o belíssimo piso de madeira, a porta de vidro e o quadro de última geração estavam encharcados pela enchente. Ele estava limpando tudo, jogando baldes de água no chão e nas paredes, água do rio que ainda desviava seu curso na rua em frente às instalações da Banda.
                                                                                                               
É, o Mundo está mudando. As estações não estão mais tão bem definidas quanto antes: faz frio intenso em épocas em que as temperaturas deveriam estar mais amenas, o calor em certos dias é insuportável e as chuvas não são mais tão bem distribuídas como antes. Isso sem falar da destruição global do nosso próprio habitat; da hipocrisia das pessoas; do “ter” mais importante que o “ser”...
                                            
(Foto Ravany Lerbarch)

Um comentário:

  1. "Nada muda se eu não mudar..."

    O mundo somos nós! Nós precisamos de mudanças urgentes para mudarmos o mundo para melhor!

    Bj e um bom dia a todos

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