sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ATIPICIDADE


Segundo o dicionário Aurélio, “atípico” significa aquilo que se afasta do normal e, sinceramente, ultimamente minha vida tem se afastado no “normal”. Não sei bem como e porque esta atipicidade começou, mas posso garantir que muita coisa tem fugido ao convencional nos últimos dias.
Passei a observar a atipicidade na minha vida esta semana, mais precisamente no domingo, que, a princípio, não passaria de mais um domingo na minha vida totalmente típica: acordei no mesmo horário, o Hulligan (meu pit bul) havia destruído a área de serviços, tomei meu leitinho de soja com café, escrevi minha crônica matinal... até que recebi um convite na hora do almoço para ir “na roça”. Simples assim, como qualquer outro convite. E aceitei. E foi um passeio bastante atípico.
Para começar fomos de fusca. Não sei o tempo que não ando de fusca, sem falar na motorista, que não é lá grandes coisas (na verdade uma coisinha bem pequenininha e encrenqueira) dirigindo um fusca. E ainda tinha a estrada que para mim não é estrada, é caminho de boi.
O que não foi atípico foi a forma como fomos recebidos pelos donos da “roça”. Gente boa, que nos recebeu como se fossemos as visitas mais importantes do ano (e quem disse que não éramos?). E como fomos bem recebidos, agradados, acariciados, e como foi bom nos sentirmos assim!
A atipicidade daquele domingo continuou quando catamos ameixas do pé, descascamos com as mãos, chupamos e percebemos que não estavam tão doces como imaginávamos (na verdade estavam extremamente azedas!), subimos no pé de jabuticaba e estouramos aquelas frutinhas pretas na boca, sem ao menos lavá-las, nada de vírus ou bactérias, só a doçura do fruto e o prazer da façanha.
Pulamos um rego seco de um rio, tiramos fotos em troncos de árvores, e também subimos em uma goiabeira sem folhas e nos penduramos numa porteira pintada só de um lado para registrarmos o nosso dia atípico.
Observamos dois pares de homens jogando “malha”, um jogo típico trazido ao Brasil pelos imigrantes italianos que, por mais que nos esforçássemos, por mais que tenhamos formação acadêmica, por mais que nos achemos inteligentes, cultas e profissionais da educação, não conseguimos entender sua dinâmica, objetivo, ou mesmo o que fazia aqueles quatro homens ficarem jogando aquele disquinho de ferro de lá para cá num improvisado “campo de malha”... (coisas de homens...).
Como não tinha mais nada a explorar, fomos bisbilhotar numa casa novinha que um cara fez para morar quando casar. A atipicidade neste caso está no fato de que o cara ainda nem tem noiva, nem namorada, só fez a casa... (sem comentários).
Viemos para casa no final da tarde (de fusca) ouvindo Romildo Dias narrando o final do campeonato municipal pelo rádio do carro/fusca.
Só para acrescentar um pouco mais de atipicidade a este dia, quando chegamos em casa, a chave da porta havia ficado no bolso do Seu Zé, e tivemos que procurar uma janela que pudesse ser aberta para entrarmos. Sabe qual encontramos? A mais alta! E eu tive que fazer “escadinha” pra Rê subir, pular a janela e abrir a porta por dentro.
Como precisava registrar esse dia, deitei ali no chão da sala da mesmo pra fazer as anotações, só que a atipicidade ainda pairava no ar, e chega a Vera com um filhote de cachorrinho lindo que não conseguimos identificar a raça (por isso categorizamos como “tomba latão”) que tomou toda a minha atenção e carinho, me levando a finalizar este texto apenas hoje.
Mas isso não foi de todo mal, porque a semana continua atípica e, realmente, sinceramente, efusivamente, espero que continue assim por muito, muito tempo, porque é de atipicidades assim que se faz a vida e se constroem os pedacinhos tão importantes para sua beleza, leveza e para que ela valha a pena.

Um comentário:

  1. "Que delícia, Patrícia!!!

    Esses dias atípicos são os melhores de todos...
    Amei seu texto, seu jeito de chamar a Regina de "Uma coisinha pequenininha e encrencreira", a forma com que foram recebidos, tudo de gostoso que fizeram, a fé do rapaz que fez a casa pra morar antes mesmo de ter uma namorada....Amei, amei, amei...

    Oxalá esses seus dias realmente se prolonguem e repitam-se numa sucessão de boas surpresas, alegrias e contentamento!

    Deus abençoe vc e todos q vc ama...

    Bj e todo meu carinho..."

    (Comentário escrito pela amiga ADELMA LÚCIA e recebido no e-mail da autora do blog. Postado aqui pela "Coisinha pequenininha e encrenqueira")

    Amo vocêss!! "Coisas grandonas e estabanadas!!"

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