quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

GARIMPANDO LIVROS


Dentre as inúmeras características que são minhas, uma das mais complicadas é a mania por livros.

- Complicada?

- Sim, complicada!!

Sou extremamente alérgica, entretanto isso não impediu que eu arrastasse minha melhor amiga, digo, minha ‘menor’ amiga (que se diz também alérgica, mas na verdade é mais fresca que alérgica) a um galpão poeirento, embolorento, fedorento, calorento para resgatar uma coletânea de livros infantis e infanto-juvenis.

- Viu onde mora a complicação? Não?

Era para ser apenas mais um dia normal como tantos outros de trabalho, mas como tive que ir de manhã nesse mesmo galpão para procurar uns livros para fazer fichas de leitura, deparei-me estarrecida com diversos livros que jaziam, abandonados, esquecidos, inutilizados naquele ambiente fétido e úmido, onde não seriam capazes de cumprir com o seu objetivo de criação.

Um a um fomos garimpando-os, retirando-os do chão e separando-os do que não era leitura; do que não continha palavras; do que não produziam sonhos...

Entre títulos, autores, gravuras, histórias, contos, poemas, fantasias, não conseguíamos apenas resgatar os livros, era preciso folhear suas páginas, ler suas histórias, falar de seus autores, lembrar experiências de um tempo em que eu li “A bolsa amarela” numa escolinha multisseriada, onde a professorinha era minha mãe ou aquele tempo, onde a professora era minha ‘amiguinha’ e os pequenos alunos aprendiam sobre poesia ouvindo Cecília Meireles.

Certas paixões não são fáceis de serem explicadas, na verdade, a maioria delas não são. Deste modo também não tem como explicar minha paixão pelos livros, que me faz superar minha aversão pela poeira, o meu desprazer pela sujeira. Deixar outros quefazeres pelo prazer de descobrir que histórias eram aquelas que foram abandonadas ali e planejar para elas uma nova oportunidade de encantar e fazer sonhar.

Dentre muitas risadas, ‘tiradas’ desajeitadas, visitas inesperadas, garimpamos livros, recordamos emoções há muito esquecidas, fizemos planos e reafirmamos nossa adoração por estas palavras reunidas em páginas, ilustradas ou não, que contam as mais diversificadas histórias.

3 comentários:

  1. Compartilhamos, então, da mesma paixão!

    Esse é o garimpo mais saudável e ético que existe ;-)

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  2. "BASTIDORES DESSA CRÔNICA!"

    'Nossa! Esse livro é maravilhoso! Trabalhei alguns poemas com meus alunos..."

    'Posso ler esse poema pra você?'

    'Menina, olha só que preciosidade essa daqui [e na mão um livro de Drummond... rsrs]

    'Lerbarch, isso dá uma crônica, hein!'

    'Dá mesmo, vamos escrever...'

    Uma saga achar um apontador para fazer pontas nos lápis de cor perdidos também por ali. Texto iniciado a canetinha, depois a lápis mesmo...

    Entre uma inspiração e outra, lidas e relidas dos parágrafos, pausas para espirros e 'discussões', saiu esse texto, após uma ótima tarde na companhia desse meu anjo, que também compartilha comigo o 'amor às palavras, aos livros, à literatura e ao encatamento das coisas simples da vida!!'

    Bjão e valeu pela tarde 'literária'... rsrs

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  3. Ufa! Até que enfim saíram esses "bastidores" (bem menor do que pensei que seriam,mas...) pensava até que fosse ilusão a ideia de um contra-texto.

    Enrolaaada... rsrsrs

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