quinta-feira, 10 de junho de 2010

ESTRADA


Estrada, vento, poeira, serração. Estrada. Silêncio. O que o quebra é o barulho do motor e o bater incessante do meu coração. Minha única companhia são meus pensamentos que vagam por lugares às vezes distantes, às vezes tão próximos, alheios ao tempo, ao espaço, às leis da física.
Meus pensamentos, como que num momento de devaneio, parecem tomar forma, corpo, materializam-se. Já não estou mais só. Já não estou mais na penumbra da fria estrada. Pessoas, vozes, risadas, ambientes, os mais diversos sons, luzes, relações.
De repente, um farol vindo da direção contrária, luz de lucidez. Novamente estou só. Novamente o silêncio, novamente a companhia do meu coração.
Ligo o rádio. Uma música qualquer para me distrair. Um cachorro atravessa a estrada. Mais vento. Mais poeira. Frio, muito frio. Um frio que dói fundo na alma. Um frio que não se esquenta quando se está sozinho.
A música não me distrai. Os pensamentos sim. Mas estou só. Sozinha. Silêncio. Estrada. Vento. Poeira. Respiração arfando. Coração batendo. Tempo correndo. Sozinha.

3 comentários:

  1. Apenas um comentário estílistico, por favor...rs
    "Gostei do estilo!" - outros caminhos literários, isso tbm é bom!!
    Bjão

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  2. Dá impressão que você passou o dia recortando e escrevendo tais palavras conforme as mudanças... Muito bom, Patrícia! Sensações à flor da pele.

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  3. Não só o dia, Robson, uma vida inteira...

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