Olá, bom dia!
Como vai? Espero que esteja bem! Eu também vou indo (só não sei bem para onde). Resolvi te escrever esta carta porque senti muito sua falta nos últimos dias. Não é só uma falta física não, aquela do abraço, do carinho, do desembaraçar os meus pensamentos por meio das suas mãos nos meus cabelos; é também a falta espiritual, da simples presença que me acalma, me faz uma pessoa melhor, daquelas palavras que parece que clareiam a minha mente pela simples melodia.
Na última vez que nos falamos (por breves 20min) disse-lhe coisas boas que tinham ocorrido na minha vidinha, mas nos últimos dias, aconteceram um turbilhão de coisas, a maioria não tão boas. Teve um dia desses que senti uma necessidade enorme de me aconchegar no seu peito e ficar ali, paradinha, ouvindo seu coração bater, sentindo a sua respiração, me aquecendo no seu calor. Só que você não estava aqui e nem te ligar eu podia.
Sabe, por mais que eu tente, tem certas coisas que não consigo entender; mais ainda, não consigo aceitar. Estava tudo tão fácil, tão simples, tão natural... talvez por isso não tenha dado certo: nada na minha vidinha é fácil. Tudo para mim sempre foi muito batalhado, suado, sofrido. Com você não poderia ser diferente.
Já não espero mais, já não conto mais com uma ligação sua dizendo que tudo foi um engano, um mal entendido; ou com você parando o carro no meu portão e dizendo que realmente sou eu e que nada mais nos afastará.
Retornei ao plano original, aquele de antes de você. Vou levando minha vidinha (mesmo continuando sem saber para onde). Vou viver um dia de cada vez, ou, como disse-me uma amiga outro dia: vou matar um leão a cada dia. O único problema será quendo vier mais de um leão por dia, como foi nessa semana. Aí, verei se consigo amarrar alguns no portão para ir matando-os aos poucos, porque acho que leão não é nada comportado para ficar em fila, principalmente se for para esperar abate.
Bom, é isso. Nem sei ao certo se me fiz entender. Na maioria das vezes nem eu mesma me entendo. Outro dia coloquei uma frase no meu MSN de Napoelão Bonaparte que dizia: “A maior batalha que travo é contra mim mesmo.” Muito sábio o cara, talvez por isso morreu louco. A sabedoria nos deixa loucos, sabia? A coordenadora da minha faculdade uma vez me disse que lamentava ter saído da roça e ido para a cidade estudar, que era saudosa dos tempos em que nada sabia, em nada pensava e ficava por alí, no terreiro de sua casa a jogar milho para as galinhas.
Para mim agora é tarde, os inúmeros livros que já li, as infindáveis divagações e os conhecimentos empíricos já não me dão mais a tranquilidade de uma vidinha sem nada saber, sem nada pensar para ficar só a jogar milho para as galinhas.
Um beijo gostoso, um abraço bem apertado e todo o meu carinho,
Patrícia.
E eu estou aqui me perguntando quem seria o destinatário dessa carta... ou se foi somente seu "eu lírico" que falou/escreveu...
ResponderExcluirBeijo!
Humm... digamos que alguém que eu gostaria que lesse e que viesse ao meu encontro... mas... sonhos, nada mais que sonhos.
ResponderExcluirBela carta: quanta musicalidade, quanta poesia!!
ResponderExcluirGostei!
Quisera o seu 'destinatário' (se há um destinatário, não é mesmo, Bel? rsrs)absorvesse todo esse sentimento presente nela, mas acho que ele também acredita que na vidinha dele tudo é difícil e quando "tudo está tão fácil, tão simples, tão natural..." não aceita, não acredita e foge...
É bom expor o que se passa no coração, mesmo que sejam sonhos, sonhos... o que seria das 'realizações' se antes não tivessem os sonhos?!
Abraço carinhoso
Sim...
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