Parei no topo da escada e olhei lá para baixo. No terceiro degrau a entrada se estreitava. Havia muitos galhos, terra, mato e mal podia ver de qual material a escada era feita. A luz não permitia que eu visse nada além do terceiro degrau. Sentei-me no chão em busca de coragem para iniciar a descida.
Minha mente tentava projetar o que havia no final da escada, mas não era possível. Alguém aproximou-se com um instrumento nas mãos que parecia uma vassoura ou um rastelo. Olhou para mim com olhos ternos e acenou com a cabeça, pareceu compreender apenas através de meu semblante o meu desejo e iniciou a limpeza dos degraus da escada, um por um, sem a menor pressa.
Acheguei-me mais um pouco. Enquanto limpava delicadamente o primeiro degrau, sentei-me ao seu lado e fiquei a observar. Tinha os cabelos mais curtos que os meus, trajava uma blusa salmão e um short branco, estava descalça e possuía um leve sorriso no rosto que me transmitia serenidade.
A cada degrau limpo, eu avançava, sentando-me em cada um deles. Meu pé, também descalço, sentia a delicadeza da madeira da qual a escada era feita. De tão antiga a madeira possuía frestas que estavam entupidas de terra. Um frescor subia pelos meus pés, vindo do chão frio.
Estava agora já no quarto degrau. Não via o final da escada. Era uma gruta escura e, ali onde estava, as paredes estreitavam e sentia-me um tanto claustrofóbica, mas a presença que me acompanhava não deixava-me sentir medo.
Os últimos três degraus não estavam tão sujos e pude ver perfeitamente que não eram de madeira. Cheguei ao final da escada, a presença sorriu para mim ternamente, virou-se e partiu. Fiquei ali sozinha. Por alguns instantes assustei-me com a escuridão, mas rapidamente acalmei-me.
Meus pés pisavam no chão gelado da gruta. Olhei para frente e uma luz extremamente brilhante iluminou todo o ambiente. Acalmei-me ainda mais. Por alguns instantes fiquei ali, deliciando-me com a paz que vinha daquela luz. Senti-me mais forte. Respirei profundamente o ar que ali dentro parecia ainda mais puro, mais fresco, mais revigorante.
Cheia de espiritualidade e de tranqüilidade cogitei iniciar a subida da escada, de volta à luz do dia. Parei no primeiro degrau, a luz vinda lá de fora não ofuscava, mas proporcionava uma estranheza a respeito de como veria o mundo de agora e diante.
Meus pés sentiram os primeiros três degraus de pedra. Vagarosamente transportei-me para o degrau de madeira. Pela primeira vez percebi que delicadas flores do campo cresciam na sua margem, entre as paredes de pedra e a madeira.
Passei pela parte estreita da abertura, minhas mãos tocaram os dois lados da parede de pedra. Uma forte energia arrepiou todo o meu corpo. Com mais entusiasmo terminei de subir os últimos degraus. A luz do sol e o céu azul invadiram meus olhos, fechei-os por alguns instantes. Aspirei profundamente o ar fresco e senti-me pronta para a nova etapa dessa nova jornada.
Humm...
ResponderExcluirvc 'viajou', literalmente, por essa escada, hein!
Espero que essa nova jornada seja um início de uma vida mais tranquila e abençoada.
Bjão