domingo, 14 de março de 2010

MEDO DA MORTE


Sempre encarei a morte de frente. Nunca tive medo dela, ou mesmo pensei em me esconder ou refugiar quando chegasse minha hora. Talvez por minha formação cristã, também via a morte de outros de uma forma mais branda, não que não chorasse, ou sofresse, mas compreendia-a como uma passagem, um período de afastamento que brevemente seria reestabelecido.

Usei o verbo no passado no parágrafo anterior porque algo em mim mudou neste fim de semana. Não deixei de encarar a morte pela perspectiva cristã, mas é que por um momento: breves segundos, talvez um minuto, eu tive medo dela. Vi-a de frente, senti seu hálito, seu suor gelado, sua aparência amarelada e a áurea de temor que a circundava.

Por um instante estive propensa a gritar por socorro, mas minha boca sequer chegou a se abrir e, acredito que se abrisse a voz não sairia. Não tinha forças para correr, fugir, esconder-me. Clamei, em silêncio, por misericórdia. Fechei meus olhos e supliquei para que ela fosse embora sem mim. Jogada ao chão senti o arrepio gelado de sua passagem e, vagarosamente ela foi partindo, sozinha.

Quando percebi sua total ausência, ainda um tanto aturdida, reergui-me lentamente, me recompus. Posteriormente refleti sobre o que me assustara tanto. Por que tive tanto medo de algo que nunca, de fato, me assustou?

Dentre todas as coisas que passaram diante dos meus olhos naquele momento de agrura, dentre todas as coisas sobre as quais refleti, duas situações doeram mais em meu peito: deixar sozinha quem eu mais amo nesta vida e não viver uma promessa de amor que se inicia.

Não é a morte em si que nos assusta, mas as perdas, diretas ou indiretas que ela causa ou, pelo menos, a ideia delas.

9 comentários:

  1. Puxa, que texto lindo e tenso...

    De fato o que tememos não é a morte em si, pois a morte é simplesmente o fim, mas o que realmente tememos é deixar nossos planos e nossas sementes que ainda germinam e que tanto precisam de nós, ou vice-versa.

    Patricia, independentemente do que tenha ocorrido, o que tenho a dizer é: QUE BOM QUE VOCÊ ESTÁ AQUI! :-)

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  2. Ih, querida, nem sei o que dizer...
    Mas fiquei preocupada. Se quiser repartir com maiores detalhes o que aconteceu, vc tem meu e-mail, não é?

    Um beijo,

    Bel

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  3. Obrigada queridos,

    O carinho de vcs me fortalece.

    Bjos

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  4. Senti-me mt mal depois que li esse texto. Não sei ao certo se tenho medo da morte, só sei que ela me assusta, me angustia, me deixa meio 'chocada'...

    Senti-me mal depois de ontem à tarde tbm :( !
    Perdoe-me pela 'ausência', pela falta de sensibilidade contigo nesses dias, perdoe-me pela falta de 'tato'... É que não dei conta de mim, de minha 'euforia'...

    Quero registrar as palavras de Platão aqui (já que estou estudando p a avaliação de Filosofia):
    "Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."

    Então, meu anjo, penso que não há nada de mal temer ou não a morte. Não podemos é ter medo da vida, da 'luz'. Por pior que ela seja, é melhor do que a morte!

    Para terminar, só mais um pedido: seja mais direta, quando eu estiver por demais 'lesada', ok?

    Bjão - amo vc!!

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  5. solicitar de uma pessoa que não sabe pedir ajuda para ser mais direta é um tanto quanto complicado, não acha?

    Bjo.

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  6. Complicado nada! Quando se está entre amigos não precisa complicar... Aceita-se, entende, perdoa, melhora, porque ama!

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  7. Eiiiiiiiiii...

    Você não sabe pedir ajuda?!?!
    Como é que vive me dizendo que se precisar de mim eu vou saber?

    Rsrsrs, brincadeira...
    Às vezes penso, e gostaria muito de morar mais perto de vc...

    Beijo, abraço e meu carinho eterno
    Deus te abençoe

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  8. Olá Patricia, sou nova no "pedaço", venho te acompanhando há pouco tempo, mas esse post mexeu comigo também e não pude deixar de te dizer que entendo seus sentimentos em gênero, número e grau.
    Não importa o que realmente te aconteceu, o que importa é essa sensação tão diferente de tudo o que já vivemos. Essa sensação tão bem descrita por você, das perdas que podemos antever perante uma situação de morte, qualquer que seja; e do que já vivi, posso te dizer que só nos resta viver o melhor possivel todos os momentos que nos são dados. Parece piegas mas é como uma propaganda que anda rondando nossas tvs ultimamente: Hoje é o ultimo dia de minha vida... parece um tanto piegas, mas acredito no VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO.
    Nem sempre conseguimos, mas esse desejo forte de viver intensamente cada momento com nossos amados, quer sejam amigos, amores ou familiares é que nos faz mais fortes a qualquer momento, por pior que seja.
    Seja feliz!!!!!!!

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  9. Obrigada pelo carinho Baby.

    Com certeza saí mais viva dessa experiência e disposta a viver cada pedacinho de vida que me resta.

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