segunda-feira, 6 de setembro de 2010

DIA 18 - O QUE ME FAZ CHORAR


É meio que simples assim: a voz embarga, a garganta seca, o coração dá tipo que um soluço e as lágrimas, teimosas que são, deixam seu recanto escondido nos olhos e escorrem sob a face. Nas diversas situações em que essa cena digna de uma “Macabéia” acontece o pano de fundo é sempre o mesmo. O contexto, esse sim complexo como ele só, muda constantemente, mas o pano de fundo continua sendo único.

O que abstrai em mim as lágrimas, os soluços do coração, a impossibilidade de falar com minha voz grave e forte, o que me faz chorar são, definitivamente os sonhos.

Nesta dicotomia encontram-se os sonhos realizados, onde o banho de lágrimas tem em seu gosto agridoce a felicidade, o contentamento e o prazer como tempero. Mas encontram-se, também, os sonhos desfeitos, os impossibilitados de se realizarem, os abortados instantes depois de sua concepção e os impedidos de crescer e multiplicar. Aliás, nascer, crescer e multiplicar deveria ser regra máxima de todos os sonhos.

Só que não é assim. Os sonhos também morrem. Atrofiam, apodrecem dentro de corações.

Quando isso acontece, há de se expeli-los. Por ser algo tão delicado, simples em sua concepção e denso em sua existência, sua expulsão deve ser, no mínimo, um ato único e especial: lágrimas límpidas e puras, que em sua obra mágica, caracterizada de choro, transbordam os olhos e aproveitam para lavar também a alma, deixando-a novamente limpa para, em conjunto com o coração, iniciar novo processo de geração de sonhos.

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