segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DIA 25 - FÉRIAS

Quando entrava dezembro a escola toda respirava um ar diferente. Não sei ao certo se o próprio clima, então mais quente, ou se a proximidade do recesso escolar, só sei que íamos para a escola com um entusiasmo distinto, as aulas pareciam mais curtas e os recreios mais longos, tudo era festa, até as provas finais.

Os bons alunos eram dispensados mais cedo e a professora segurava os atrasados até bem próximo ao natal. Minhas férias começavam junto com as dos primeiros. Não que fosse boa aluna, como pedagoga hoje me classificaria com uma aluna regular, o que, naquela época me garantia férias antecipadas. Para mim isso já estava de bom tamanho.

Em pleno gozo das férias, podia dormir até mais tarde e ficar brincando na rua até depois da novela das 20h. Passávamos o dia inteiro armando aventuras, combinando passeios, jogando bola, brincando de bandeirinha, pulando elástico...

Uma vez estávamos montando uma casinha debaixo da minha casa e uma pedra enorme rolou sobre meu pé. Amassaram-se dois dedos e levei 7 pontos. Fiquei vários dias acamada (“assofazada” para ser mais exata) e meus amiguinhos vieram visitar-me em casa para conferir o estrago no meu pé.

Alguns dias das férias eram reservados para passar na roça. Lá sim a liberdade era ímpar. Acordava cedo para ver tirar leite das vacas, brincava com os bezerros no pasto, subia em pés de jabuticaba, fazia casinha em cima de pé de árvore, tomava banho de rio, despencava de pé de goiaba, arranjava confusão, ficava de mal para sempre e 20 minutos depois fazia as pazes.

Tinham também os dias reservados para passar na casa da tia Shirlei. A primaiada passava bons dias lá, só curtindo praia e pegando insolação. Principalmente a branquela aqui que se achava capaz de acompanhar os já curtidos de sol.

Finalzinho de janeiro a mamãe comprava os materiais escolares. Encapávamos os cadernos com plásticos coloridos, colocávamos títulos e eu ansiava pelo fim das férias. Dizia que já estava cansada delas.

Quanta ironia, hoje elas sequer me permitem descansar, quem dirá cansar-me delas.

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