DIA 21 - MEU LUGAR PREFERIDO

Minha casa, meu quarto, meu sofá. Minha cozinha quando cozinho para os amigos. Minha área, minha rede. Numa resposta rápida, num bate bola, seria isso. Mas esse não é um bate bola, aliás, a dona da bola aqui sou eu e eu decido quando, onde e quanto esse jogo dura.

Não, não! Meu lugar preferido não é um campo de futebol, muito pelo contrário. Na verdade só vou a campos de futebol quando existe algum interesse implícito e evito ao máximo qualquer tipo desse.

Gosto mesmo é de lugares onde vislumbro o horizonte, onde vejo a junção perfeita da terra com o céu, de preferência em lugares altos e totalmente desprovidos de sons humanos.

Sempre que subo a Mata Fria me atenho olhando a cadeia de montanhas que se perde até tocar o céu. Outro dia fui na pista de decolagem de Fazenda Guandu e me encantei com o horizonte de lá. No alto de Três Pontões o horizonte parecia ainda mais distante e as montanhas brincavam comigo de cascata de dominó até lá lonjão.

Lá pelos idos de meus 12, 13 anos, subia na caixa d’água da minha casa e ficava sentada, horas a fio, só observando ao longe, ouvindo o silêncio, elaborando sonhos. Ficava perdida nesse mundinho até que meu pai aparecia e gritava: “Sai daí menina, não está vendo que vai cair e ainda quebrar a caixa d’água?”

Hoje, sempre que posso, sento-me na minha varanda, em cima da mesa de madeira que tem lá, abstraio todos os sons humanos e fico olhando o horizonte, os matizes do céu, o encontro das montanhas com o azul. Tento ouvir o silêncio e discuto com Deus a possibilidade de realizar os sonhos elaborados lá atrás, quando eu tinha 12, 13 anos e ficava sentada na caixa d’água olhando o mesmo horizonte, ouvindo o mesmo silêncio, buscando a mesma paz.