terça-feira, 21 de setembro de 2010

DIA 33 - SONHO REALIZADO

Estávamos sentados na beira do rio pescando, papai e eu. Sempre que dava fazíamos isso. Às vezes descíamos o rio pescando de tarrafa, mas naquele dia tentávamos fisgar os peixes no anzol mesmo, com varinha de bambu e minhoca como isca.


Quase não conversávamos. Não precisava, sempre nos entendemos bem. Ficávamos ali horas e horas olhando a água, sentindo os bagres virem mordiscar a isca preguiçosamente, ele absorto nos pensamentos dele e eu nos meus, ainda pensamentos de criança, mas já com alguma substancialidade.

Eu não tinha mais que 12 anos e a música do rio e a dança das águas embalavam meus pensamentos. Não tenho a menor ideia do porquê, mas tenho total consciência de que foi ali que o sonho nasceu. Eu olhava para a água que ia passando e ficava imaginando como seria, um presságio talvez, um aviso daqueles que são para eu me preparar para uma situação que fatalmente vivenciarei.

Olhando para as águas do rio lembrava-me da história de Moisés, e como seria encontrar um bebê abandonado e levá-lo para casa, cuidar dele, dar-lhe amor, carinho, atenção, sustentar seu corpo, sua alma, seu espírito.

De fato o sonho nasceu ali, provavelmente inspirado por Deus, mas com certeza nunca mais saiu da minha mente, do meu coração. Ficou lá ganhando forma, corpo e me preparando para minha missão maior nesse mundo.

Seis anos depois ela nasceu e com mais seis meu sonho tornou-se real. Um sonho que nasceu no leito daquele rio, pescando bagres com o papai.

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