sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

HISTÓRIAS DE AMOR


A mãe de uma amiga uma vez nos disse, diante de uma reclamação da filha sobre sentir frio, que este é psicológico e que “mulher elegante não sente frio”.

Guardei este conselho de uma sábia e elegante mãe por muito tempo e, de certa forma, o transferi para outras situações também. Assim como o frio e o calor, por se tratarem de sensações e, portanto psicológicas facilmente controláveis, passei a acreditar que o amor, também uma sensação [ou sentimento, como preferir] poderia encaixar-se na categoria do ‘psicológico’ e, também ser controlável.

E lá fui eu vida a fora controlando [ou fingindo, muito bem, controlar] meus sentimentos.

Amar ou deixar de amar nunca foram tarefas difíceis. Era só desligar a tomada e pronto, tudo estava resolvido. Um amor era sobreposto por outro e a vida seguia seu curso.

Não estou dizendo com isso que não sofri. Nada disso. Sofri sim, sofri muito, em alguns momentos desejei até morrer. Mas era uma dor que, de certa forma, eu ‘queria’ sentir, como o frio às vezes. Eu o deixava me invadir e, masoquistamente, sentia prazer com ele. Quando já tinha sofrido o suficiente, puxava a tomada e pronto: cancelava o sofrimento. “Simples assim”.

Recentemente repeti o ato de puxar a tomada e desliguei um louco amor. Uma paixão gostosa que me devolveu o brilho nos olhos a tanto esquecido. Um amor prazeroso que me fazia correr, cantar, brincar, ser feliz. Puxei a tomada nem tanto porque quis, mas porque achei que fosse o mais adequado a fazer.

Não sabia que certos amores funcionam a bateria também, ou, neste caso, a torpedos de celular.

A página estava virada, o amor estava sendo sobreposto, a vida estava tranquilamente seguindo seu curso.

Qual nada, certos amores, os verdadeiramente certos, não podem ser controláveis. Podem, talvez, ficar adormecidos, mas no menor sinal de sinergia, reaparecem com toda a sua força, revirando as páginas, desorganizando as posições, alterando o curso da vida.

Realmente não é tão “simples assim”.

4 comentários:

  1. Que delicia esse conto. Amores de verdade não são ligados por fios. A energia deles vem de dentro da gente e é por isso que não adianta tomadas...

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  2. Verdade Patrícia, mas acreditei sempre, e pretendo continuar acreditando, que podemos controlar nossos sentimentos. É mais seguro.

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  3. A gente até que tenta desligar a tomada, mas não é nada 'simples assim'! A gente até consegue desligar fisicamente, mas as lembranças teimam em nos acompanhar, pois essas não se apagam facilmente a uma simples queda de energia física.

    Há fontes de energia no coração que não são controladas por fios e portanto, não adianta apenas querer tirar a tomada, é preciso mt mais esforço...

    Bjão, sonhei contigo...rs

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  4. Sim. Concordo em tudo q disse aqui e fora daqui, mas mantenho minha posição. Evita sofrimentos maiores, é ou não é?

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